Este ano marca o centenário de Berta Gleizer Ribeiro. Especialista em cultura material indígena, ela desenvolveu importantes estudos que ainda ecoam na antropologia contemporânea. Isso é o que discute reportagem da edição especial da Ciência & Cultura, que celebra o centenário de Berta Gleizer Ribeiro.
Seu trabalho era marcado pelo interesse na cosmologia indígena e na relação dos artefatos com a identidade e organização social dos povos originários. Berta Ribeiro registrava essas culturas de forma ética e sensível, valorizando o conhecimento ancestral indígena. “A grande importância do trabalho da Berta Ribeiro para a antropologia contemporânea é o fato de ela ter realmente escutado os povos indígenas com quem ela trabalhou e dado o devido valor às suas cosmologias. Ela colocou isso de maneira muito ética e muito bonita em suas etnografias”, pontua André Demarchi, antropólogo e professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
Além de suas pesquisas, Berta Ribeiro também foi pioneira na divulgação científica e acreditava no poder dos museus e outros espaços de cultura como ferramentas de democratização do conhecimento. Instituições como o Museu Nacional e o Museu dos Povos Indígenas, onde trabalhou, devem a ela importantes acervos etnográficos. “Berta Ribeiro foi uma militante da divulgação científica quando essa atividade ainda não tinha esse reconhecimento”, afirma Maria Elizabeth Brêa Monteiro, diretora técnica da Fundação Darcy Ribeiro. Ela explica que Berta Ribeiro utilizava exposições, textos e vídeos para conectar o público ao conhecimento indígena.
Outro destaque de sua carreira foi o estudo dos saberes indígenas sobre o meio ambiente. Em 1991, Berta publicou o artigo “Ao Vencedor, as Batatas”, mostrando que muitos dos conhecimentos sobre plantas medicinais e cultivos vegetais vieram dos povos indígenas. A antropóloga dizia que os indígenas eram ecólogos naturais e seus conhecimentos precisavam ser melhor compreendidos e divulgados. “Berta Ribeiro sempre tratou os povos como aliados, como parceiros na produção do conhecimento”, enfatiza André Demarchi. Desta forma, sua abordagem colaborativa rompeu com a visão tradicional dos indígenas como meros objetos de estudo, posicionando-os como protagonistas na produção científica — a base de muitos projetos acadêmicos atuais.
Leia a reportagem completa:
https://revistacienciaecultura.org.br/?p=7287
Ciência & Cultura