A história da família de Isabelle Almeida Novais foi o que a atraiu para a Ciência. Por conta de uma malformação cardíaca não-diagnosticada no período pré-natal, seu irmão faleceu ao nascer. Para tentar evitar que histórias tristes como a sua se repetissem, a jovem decidiu transformar a vivência pessoal em estudo acadêmico.
“Depois de ter presenciado casos na família, eu comecei a me interessar pela área da saúde materno-fetal dentro dos hospitais públicos. Conversando com a Jaqueline, minha professora, tive a oportunidade de desenvolver um projeto que abordasse esse assunto. Passei então a consultar, além de diversos estudos, opiniões de profissionais também, o que me levou ao tema da pesquisa”, conta.
Jaqueline Mendes de Almeida é professora de Física da Escola Estadual Fernão Dias Paes, localizada em São Paulo, onde Isabelle estudou. Ela já havia percebido o interesse da jovem pela Ciência e, juntas, desenvolveram um projeto de iniciação científica sobre como a estrutura dos hospitais públicos pode afetar os diagnósticos de malformações fetais.
“Minha professora foi quem me apresentou o mundo científico e me incentivou a iniciar a pesquisa, depois que percebeu o meu interesse na área. Antes disso, eu nem sabia da possibilidade de realizar uma pesquisa científica estando ainda no Ensino Médio. Posso afirmar, sem dúvida alguma, que a orientação que recebi da Jaqueline foi o que me fez não só desenvolver essa pesquisa, mas também pensar em um futuro acadêmico como pesquisadora.”
Hoje, com 17 anos, Isabelle se prepara para o vestibular. Quer estudar medicina e seguir com pesquisas que possam trazer resultados para o sistema de saúde pública do País. “Após minha graduação, pretendo seguir com a residência em ginecologia e obstetrícia, e depois me especializar em cirurgia fetal e gestação de alto risco”, revela.
Isabelle é uma das vencedoras do 4º Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ela vê a premiação como um incentivo para continuar no caminho da pesquisa científica.
“Tendo em vista o peso do patriarcalismo que ainda existe no imaginário social da população brasileira, adentrar na carreira científica, para uma mulher, ainda pode ser muito difícil. Por conta disso, acho que é muito importante para nós, mulheres, termos reconhecimento daquilo que estamos fazendo. Receber uma premiação como essa mostra que acreditar e investir na ciência no Brasil ainda é possível, mesmo após vivenciarmos cenários onde essa esfera foi constantemente atacada e menosprezada por figuras de grande impacto social”, conclui.
Entrega do Prêmio Carolina Bori ocorre nesta sexta-feira (10/02)
A cerimônia de entrega do 4º Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, que contará com a participação de todas as vencedoras, acontecerá nesta sexta-feira (10/02), no Auditório do CEUMA (Rua Maria Antônia, 294 – 3º andar – São Paulo/SP). A data foi escolhida em celebração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco e comemorado em 11 de fevereiro. O evento será aberto a todos e contará com transmissão pelo canal da SBPC no YouTube, a partir das 15h.
Nesta quarta edição, a premiação recebeu indicações de 446 candidatas, de 223 instituições espalhadas por todo o País. Uma comissão julgadora escolheu nove vencedoras, sendo três do Ensino Médio e seis da Graduação.
Rafael Revadam – Jornal da Ciência