Ciências sociais querem maior integração com as naturais

As ciências sociais são importantes no entendimento e enfrentamento das mudanças ambientais globais, mas precisam de maior integração com as ciências naturais. A ideia foi enfatizada pelos participantes de sessão especial em que Françoise Calloids, da International Social Science Council (ISSC), que apresentou o "Relatório do Fórum Mundial de Ciências Sociais 2013: Mudanças Ambientais Globais". A s sessão foi realizada ontem (25/11) e teve a participação da representante da Unesco, Wendy Watson-Wright e de Elisa Reis, vice-presidente regional da Academia Brasileira da Ciências.
As ciências sociais são importantes no entendimento e enfrentamento das mudanças ambientais globais, mas precisam de maior integração com as ciências naturais. A ideia foi enfatizada pelos participantes de sessão especial em que Françoise Calloids, da International Social Science Council (ISSC), que apresentou o “Relatório do Fórum Mundial de Ciências Sociais 2013: Mudanças Ambientais Globais”.
 
Dentro da programação do 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC), que prossegue no Rio de Janeiro até o dia 27/11, a sessão foi realizada nesta segunda-feira (25/11) e teve a participação da representante da Unesco, Wendy Watson-Wright e de Elisa Reis, vice-presidente regional da Academia Brasileira da Ciências.
 
Françoise apresentou um sumário do relatório, que aborda a questão das mudanças ambientais globais, entre elas as mudanças climáticas, e as suas causas, que muitas vezes se devem às atividades humanas, tais como o uso do combustível fóssil, o desmatamento, a intensificação da agricultura, a urbanização, a pesca predatória e a produção de dejetos.
 
De acordo com o texto, essas mudanças podem acarretar graves consequências para o bem estar e a segurança da população mundial. Para se enfrentar essas mudanças, o texto aponta a necessidade da promoção de políticas inovadoras e a transformação social, com a participação das ciências sociais na reflexão e na busca de respostas para esse desafio.
 
O relatório reuniu mais de 150 autores, sendo 18 da América Latina. Françoise explicou que o texto teve como objetivo dar uma resposta à urgência das mudanças climáticas que, segundo ela, “ameaça nosso planeta, nossa única casa”. O documento procura trazer conhecimentos indispensáveis para a proteção dos recursos do planeta em prol da humanidade, valorizando a colaboração entre diferentes campos científicos e com grupos da sociedade, de modo a produzir conhecimento confiável e legítimo que sirvam para resolver os problemas do mundo real.
A pesquisadora ressaltou que os problemas ambientais e sociais são indissociáveis. Não se dão isoladamente. “O econômico não é o centro dos problemas, é mais um dos problemas. São as pessoas que estão no centro das mudanças ambientais. Estas afetam pessoas e pessoas afetam o meio ambiente”, disse.
O relatório apresenta as complexidades e consequências das mudanças ambientais em diferentes contextos, geográfico, cultural e pessoal. Ressalta a importância de se respeitar os diferentes valores, visões de mundo e crenças, mas também de criar condições para mudanças no comportamento individual e coletivo.
São também discutidas questões éticas e de justiça em relação ao desenvolvimento de soluções políticas, e para isto traz novas abordagens sobre governança e tomada de decisão, como por exemplo, o papel dos movimentos sociais e ambientais na mobilização da opinião pública, na denúncia de impactos ambientais e na cobrança por mudanças na legislação.
Constatou-se, no entanto, que o conhecimento das ciências sociais sobre a mudança ambiental global não está onde seria mais necessário. A Europa Ocidental e a América do Norte são as regiões que têm o maior número de publicações sobre o tema. Os motivos para isso parecem ser, segundo o relatório, a carência de fundos, de apoio institucional de incentivos para a pesquisa e de interesse dos próprios especialistas em ciências sociais.
Para minimizar esta desigualdade regional, o relatório propõe que se fortaleça a capacidade em ciências sociais, e que se acelere a transição para estudos interdisciplinares. O texto discute as repercussões, diretas e indiretas, que as mudanças ambientais globais provocam na sociedade, tais como o aumento da frequência de perigos já conhecidos como também surgimento de novos riscos e vulnerabilidades.
A proposta é de que as pesquisas em ciências sociais contribuam no fomento à economia verde, na análise das possibilidades e riscos da adoção de novas tecnologias, como a nanotecnologia e a química verde; no entendimento e facilitação da mudança de comportamento, no engajamento de tomadores de decisão. Além disso, as ciências sociais devem valorizar a interdisciplinaridade, construindo pontes entre os diferentes tipos de conhecimento.
No que se refere à governança e tomada de decisão, o documento aborda a concepção e elaboração de conhecimentos e políticas que permitam enfrentar estes problemas e questiona em que nível deve estar o poder de decisão para solucionar problemas locais, regionais e globais. De acordo com o texto, a solução deve ser buscada em conjunto por especialistas, políticos, organizações comunitárias, movimentos sociais, e setor privado. Para isso, no entanto, o relatório aponta a necessidade do estabelecimento de novos procedimentos mais inclusivos e participativos.
O “Relatório do Fórum Mundial de Ciências Sociais 2013: Mudanças Ambientais Globais” pode ser acessado em
(Jornal da Ciência, com informações de Beatriz Bulhões)