As rápidas respostas do Brasil no diagnóstico, no sequenciamento genético do coronavírus e no cultivo do vírus em laboratório mostraram que o país estava pronto para enfrentar o novo agente infeccioso quando ele chegasse por aqui. Segundo as cientistas que decifraram o gene do vírus, tudo isso está relacionado à experiência anterior dos pesquisadores brasileiros e ao avanços no combate às epidemias.
A epidemia de zika em 2015 levou a OMS (Organização Mundial de Saúde) a declarar emergência mundial após a associação do vírus a casos de microcefalia, mas também motivou o avanço científico brasileiro.
“Na época da zika era um diagnóstico lento, demorava meses para sair. Hoje temos vários laboratórios que foram equipados e estão com o que há de mais moderno em metagenômica. Conseguimos descobrir mais rapidamente e fazer o sequenciamento. Assim vamos na intimidade do agente causador”, afirma Kleber Luz, professor e pesquisador da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), um dos pioneiros nas análises da zika e integrante da comissão nacional criada para pesquisar o vírus.
Luz diz que, além de avanços científicos, uma descentralização de laboratórios de biologia molecular ocorreu no Brasil.
“O país é muito grande, e na época da zika você tinha dois laboratórios que faziam o teste, e isso perturbou muito a assistência e a pesquisa. Hoje, Natal não precisa mais mandar [o teste] para Belém, pode mandar para Pernambuco. O Ceará ficou autônomo. Isso está ajudando não só no caso do coronavírus, mas de outros agentes infecciosos”, diz.
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