A falta de um projeto educacional manifestado em escolhas erradas no comando do Ministério da Educação, o troca-troca de cadeiras e ações orientadas com base em questões ideológicas, resultaram em um quadro caótico na educação brasileira, ao longo do governo Bolsonaro. Uma crise que afeta desde o ensino básico até o ensino superior. Além dos problemas de gestão, o período ficou marcado pelos cortes de verbas, escândalos de corrupção envolvendo pastores, e declarações polêmicas dos cinco ministros que ocuparam a pasta.
Se já não bastasse o complexo cenário, a pandemia de covid-19 ampliou o leque de dificuldades do ensino no país. Sem condições de oferecer um ensino a distância eficiente e de qualidade, o resultado é medido nos grandes números da evasão escolar de milhares de crianças e adolescentes.
Para o especialista em educação e pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas, João Marcelo Borges, os últimos anos foram marcados por um desmonte articulado nas estruturas educacionais do Brasil.
“Se olharmos os últimos quatro anos, a educação como um todo sofreu ataques simbólicos, desprezo político e um desmonte programático. Simbólicos — seja nos constantes ataques a Paulo Freire ou às universidades como espaço de balbúrdia (para usar a expressão de um ex-ministro) —, e políticos — no sentido que foram quatro ministros da educação, todos eles sem experiência prévia no setor, inclusive o atual. E cinco presidentes do Inep, sem contar os esquemas de corrupção no FNDE.”
Com a chegada da pandemia, o ensino tradicional foi forçado a migrar para um modelo remoto, dependente do uso da tecnologia — situação que escancarou desigualdades socioeconômicas. Em novembro de 2020, mais de 5 milhões de meninas e meninos não conseguiram acesso à educação no Brasil – número semelhante ao que o país tinha no início dos anos 2000.
Veja o texto na íntegra: Correio Braziliense