O evento, que começou ontem (5) e vai até sábado (8), é realizado na unidade Pedra Branca da Unisul
A escolha do tema “Cidades e Sustentabilidade” foi o destaque na cerimônia de abertura da Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que aconteceu ontem (5), na unidade Pedra Branca da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). A mesa de abertura contou com a presença da presidente da SBPC, Helena Nader, da vice-presidente da SBPC, Vanderlan Bonzani, do reitor da Unisul, Sebastião Salésio Herdt, do vice-reitor da Unisul, Mauri Luiz Heerdt, do presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Sergio Luiz Gargioni, entre outros.
A cerimônia foi transmitida ao vivo pela internet e teve a apresentação do coral da Universidade e uma conferência com o astrofísico João Evangelista Steiner, que falou sobre o impacto das descobertas sobre os buracos negros e as ondas gravitacionais, detectadas no final de 2015 (leia mais aqui).
Durante a solenidade, a presidente da SBPC também pediu um minuto de silêncio para homenagear a pesquisadora Beatriz Bulhões, funcionária da SBPC, responsável pela interlocução da entidade com o Congresso Nacional, que faleceu na última segunda-feira (3).
Sociedade mais humana
O reitor da Unisul ressaltou o privilégio da instituição em sediar um evento como a Reunião Regional da SBPC, especialmente com o tema “Cidades e Sustentabilidade”. “Quando falamos de cidades sustentáveis, falamos de harmonia com a natureza, com o universo, que muitas vezes por desconhecimento negligenciamos. E em um espaço como da Unisul, que está inserida em uma cidade projetada e voltada para a sustentabilidade, é um privilégio. Tenho certeza de que este evento mostrará que a ciência é o único caminho para construir uma sociedade mais humana”, afirmou.
Ao falar sobre os desafios de sediar o evento, Herdt disse que a Universidade em Palhoça se inspirou no espírito da instituição, vanguardista, empreendedora e inovativa. “Buscamos harmonizar a nossa convivência com a nossa sociedade. E não podemos esquecer que a universidade tem o compromisso de pensar o novo”. E completou, “este evento da SBPC venha nos trazer mais luz e mostrar que, a partir do conhecimento, da ciência, é que poderemos buscar a harmonia com a nossa comunidade e com o nosso universo”.
Durante a abertura, a presidente da SBPC também ressaltou a importância do tema escolhido. “O tema é coerente já que o evento é realizado em uma cidade universitária planejada, construída e desenvolvida com base no conceito de urbanismo sustentável, ou seja, em um ambiente acadêmico que integra a natureza com a saúde e o bem estar”, disse.
Gargioni, presidente do Confap, por sua vez, destacou que a RR da SBPC é um lugar importante para reunir pessoas que lutam pela área de ciência, tecnologia e inovação. “Aqui é uma ótima oportunidade para a comunidade científica e aqueles que lutam pelo setor reivindicar melhorias, principalmente nesse momento de crise”. Ele também ressaltou a importância do evento para despertar nos jovens o interesse pela ciência e pelo potencial conhecimento de “ser traduzido em qualidade de vida”.
Inquietações e conquistas
A presidente da SBPC aproveitou a abertura para compartilhar com os presentes algumas inquietações sobre os rumos da educação, da ciência e da tecnologia no Brasil, bem como apontar algumas conquistas.
“Nos últimos anos, o financiamento da ciência, tecnologia e inovação permanece como uma das grandes preocupações da comunidade acadêmica e científica. A nossa luta continua pela reposição do orçamento pelo menos anos níveis do ano de 2013. “O financiamento está aquém do necessário. Este cenário é inconcebível. Sem CT&I, o Brasil não vai acontecer”, disse.
Nader também abordou a questão da reforma do ensino médio e reiterou que a SBPC se posiciona contra a forma como o Governo Federal propôs grandes alterações na estrutura do Ensino Médio por meio de uma medida provisória que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.
“Sabemos que o ensino médio precisa de mudanças, mas isso não deve ser feito por meio de decreto. Estamos discutindo há quatro anos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sem nenhum acordo ainda. O presidente fez um decreto, o que não é legal. Precisamos reverter isso. Temos que correr, porque o Brasil não pode mais esperar”, lamentou.
Por fim, a presidente da SBPC falou sobre o Marco Legal da CT&I, que é uma das conquistas para o País, mas que foi sancionado como lei federal com oito vetos presidenciais, que atrapalham e judicializam a prática da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. “A SBPC tem trabalhado para derrubar estes vetos e fazer o Brasil andar”.
Vivian Costa – Jornal da Ciência