Presidente da instituição, Helena Nader, sugere levar o modelo científico e tecnológico para o restante do País
O polo científico e tecnológico desenvolvido na cidade de São José dos Campos (SP), a 97 km da capital paulistana, elogiado hoje por especialistas, é sinônimo de orgulho para o País. Esse foi o tom dado na avaliação da presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, nesta quinta-feira (05/06), na abertura da reunião regional da instituição científica no Parque Tecnológico do município. O evento será encerrado nesta sexta-feira.
“Um dos motivos pelos quais escolhemos São José dos Campos para realizar a reunião regional da SBPC é pelo o que o município representa hoje na ciência, tecnologia e inovação. A cidade é um orgulho não apenas de São Paulo, mas também do Brasil”, disse.
Helena dividiu a mesa de abertura do evento com o prefeito do município, Carlinhos de Almeida, com o diretor do Parque Tecnológico, Horácio Forjaz, e o vice-reitor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em São José dos Campos, Estevão Tomomitsu Kimpara. A mesa de abertura da reunião, apresentada pelo secretário geral da SBPC, Aldo Malavasi, contou com a presença ainda de Luiz Antonio Tozi, diretor da Fatec do Parque Tecnológico, do ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, um dos idealizadores e primeiro diretor do Parque Tecnológico na cidade e ex-presidente da SBPC, além de Leonel Fernando Perondi, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Amélia Naomi, presidente da Câmara de Vereadores do município.
Com uma população de cerca de 630 mil habitantes, São José dos Campos concentra um conglomerado significativo de instituições de ensino superior públicas e privadas, como o ITA, Unesp, Unifesp, Fatec, Unip e Univap, instituições de pesquisa como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e os institutos do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), além de empresas de tecnologia de ponta como a Embraer, dois parques tecnológicos, e inúmeras empresas fornecedoras do setor aeroespacial.
Com toda essa massa crítica de elevado teor científico e tecnológico, a cidade é reconhecida no Brasil e no exterior pela excelência na formação de recursos humanos altamente qualificados, e pelos produtos que sua indústria desenvolve. “Esse modelo tem de ser replicado no País”, recomendou Helena, agradecendo e cumprimentando a todos da mesa de abertura do evento e a todos docentes, alunos e especialistas presentes.
Papel da SBPC na ditadura
Por sua vez, o presidente do Parque Tecnológico de São José dos Campos, Horácio Forjaz agradeceu a realização da reunião regional da SBPC na cidade e destacou o papel que a SBPC vem desempenhando ao longo de 66 anos de existência. “É uma entidade sexagenária, mas que não pode ser confundida com uma entidade velha, porque ela renova permanentemente e tem acompanhado o Brasil em todos os momentos importantes e decisivos”.
Forjaz aproveitou o momento para destacar o papel da SBPC na resistência ao regime militar, ocasião em que o autoritarismo prevaleceu surtindo efeito na comunidade científica. “Acho que para todos que viveram aquele período, a SBPC é mais do que uma sociedade em defesa do progresso da ciência. É uma sociedade que se caracterizou também pela defesa dos direitos humanos, da cidadania e pela democracia. Isso fez com que ela se tornasse maior do que o próprio nome deixa transparecer.”
No primeiro dia da reunião regional em São José dos Campos foram realizados vários debates sobre o desenvolvimento científico e tecnológico, reunindo especialistas de todas as áreas do conhecimento. Foi realizada, por exemplo, a mesa-redonda intitulada “Novos materiais e manufatura para a saúde”, sobre a qual especialistas discorreram sobre a realização de novos tratamentos no Brasil, na esteira da tendência mundial. Aconteceu também a mesa-redonda “Relação Universidade-Empresa: casos de sucesso”, que contou com a apresentação de cases de empresas como Embraer e Vale que investem pesado em pesquisas científicas e tecnológicas a fim de transformar o conhecimento em riquezas.
No mesmo dia, foi realizado debate sobre “Sistemas e desafios da indústria espacial”, além do debate sob o tema “Tecnologia da Informação”.