A Secretaria de Saúde do Estado do Rio (SES) investiga oito possíveis novos casos da variante britânica do novo coronavírus. Na quarta-feira (17), o estado já havia confirmado a existência na nova cepa , quatro com a variante brasileira e um com a britânica. No mesmo dia foi divulgada e morte do primeiro desses cinco pacientes. Na sexta-feira (19), morreu a segunda pessoa contaminada com a nova variante no estado.
De acordo com a SES, um dos pacientes diagnosticados com a nova variante mora no Rio de Janeiro, mas, dias antes de manifestar sintomas, participou de uma reunião de família, em Nova Friburgo, com pelo menos outras oito pessoas. Todas estão sendo analisadas pela secretaria.
De acordo com a Subsecretaria de Vigilância em Saúde, a chegada das variantes da Covid-19 ao estado era prevista. Tanto que uma nota técnica sobre o tema já havia sido enviada aos municípios no início do mês, com recomendações sobre a identificação dos novos casos.
O dono da casa foi diagnosticado com Covid-19 um dia após a reunião. A investigação epidemiológica aponta que o caso identificado da cepa britânica pode estar relacionado a este caso de Nova Friburgo. O homem não relata viagens a locais onde a variante esteja em circulação em contato com pessoas que estiveram nestas áreas.
Ele já está recuperado da doença e, segundo o poder estadual, prestou todas as informações necessárias. Segundo a secretaria, o sequenciamento genético não será possível pois não há material para análise.
Ao todo, o Estado do Rio possui cinco casos confirmados de novas variantes, sendo um deles com a do Reino Unido (B.1.1.7.) e outros quatro com a mutação encontrada em Manaus (P.1).
Dois deles morreram, sendo um morador de Belford Roxo e outro vindo de Manaus. A SES destaca que, em ambos os casos, não é possível afirmar que houve agravamento dos casos por causa da mutação do vírus.
O que é uma mutação?
É uma mudança que ocorre de forma aleatória no material genético. Essas alterações ocorrem com frequência e não necessariamente deixam o vírus mais forte ou mais transmissível.
Por isso, pesquisadores acompanham o caminho das transmissões e fazem um mapeamento do material genético no decorrer da pandemia, uma forma de monitorar as versões que realmente merecem atenção.
“Algumas pessoas falam ‘ah, ele [o vírus] fez uma mutação para causar tal doença ou tal forma de se infectar’. Não. Isso não é direcionado”, explica Rute Andrade, bióloga doutora em saúde pública e membro da Rede Análise Covid-19, grupo multidisciplinar de pesquisadores brasileiros que coleta, analisa, modela e divulga dados sobre a doença.
“Por exemplo: uma mutação no SARS-CoV-2 que propiciaria a ele entrar mais facilmente na célula – ela seria sem querer, só que ela iria se fixar, porque mais vírus vão entrar na célula. E o que o vírus mais quer é entrar numa célula para se replicar”, acrescenta.
“Então, se ele consegue uma modificação ao original que facilite entrar melhor nas células, essa modificação vai dominar em relação às outras e, às vezes, até mesmo ao vírus ancestral”, completa Andrade, que também é e Conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Veja o texto na íntegra: G1