A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Interciencia lamentam profundamente a morte do professor pesquisador emérito da Universidade do Panamá, Mahabir Prashad Gupta nessa segunda-feira, 14 de dezembro, por complicações provocadas pela covid-19.

Nascido em 3 de outubro de 1942, em Gajsinghpur, Índia, formou-se em Farmácia, pela University of Rajasthan (Índia) em 1963. Concluiu o mestrado em Química Farmacêutica, na Banaras Hindu University, em Varanasi, em 1965, e o doutorado em Ciências Farmacêuticas, na Washington State University (EUA), em 1971. Em 1972, após concluir um pós-doc na Universidade de Munique, na Alemanha, começou a dar aulas na Universidade do Panamá, na Faculdade de Farmácia, onde lecionava e pesquisava sobre a flora do país.

Gupta desenvolveu pesquisas pioneiras em etnobotânica, bioprospecção, química de produtos naturais e descoberta de drogas da biodiversidade tropical na América Latina, destacadamente a descoberta de moléculas líderes para atividades antiparasitárias, anti-Alzheimer e citotóxicas. Treinou cientistas em países em desenvolvimento e foi responsável pela criação de um Centro de Pesquisa de Descoberta de Medicamentos de Produtos Naturais no Panamá.

Diretor executivo da Associação Interciencia desde 1998, atuou como diretor da Área de Saúde do Programa Ibero-Americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CYTED). Cientista premiado, recebeu o Prêmio da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) de Cooperação Científica Internacional, Prêmio Interciência para Ciências da Saúde e o Prêmio Nacional de Excelência em Pesquisa do Panamá. Era membro da Real Academia de Farmácia da Espanha, da Academia Ibero-americana de Farmácia, da Academia Latino-Americana de Ciências e ilustre cientista da Secretaria Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação do Panamá. Também foi consultor da OMS, UNIDO e ICS Plantas Medicinais e Aromáticas e serviu no Comitê Regional do ICSU (Conselho Internacional de Ciência) para a América Latina e o Caribe. Teve 268 artigos científicos e seis livros publicados.

A família Gupta-Barberena e o Centro de Investigaciones Farmacognósticas de la Flora Panameña, Faculdade de Farmácia da Universidade do Panamá, divulgaram uma nota de pesar nessa terça-feira, 15, no  qual comunicavam com grande pesar a perda do “querido amigo, colega e chefe de muitos anos”, após 27 dias no hospital devido a problemas pulmonares, após contrair coronavírus. O reitor da Universidade onde o professor Gupta atuou por quase cinco décadas escreveu: “Na minha opinião o maior pesquisador não só da Universidade do Panamá, mas também do país. Ele era membro do Conselho da Academia Mundial de Ciências. O primeiro centro-americano a conseguir este reconhecimento.”

A Interciencia e a SBPC, entidade membro da Associação que reúne instituições de diferentes países das Américas para promover o uso cooperativo da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento da região, se solidarizam com sua esposa, seus três filhos e todos os amigos, alunos e colegas do professor Gupta.

“Apesar de conhecer Mahabir recentemente, ficou evidente o seu comprometimento com a Interciencia e com a necessidade de manter a integração das sociedades para o progresso da Ciência na América e no Caribe, sempre de forma agregadora e carinhosa. Sentiremos muita a sua falta”, declara a professora Ana Teresa Vasconcelos, vice-presidente da Interciencia e representante da SBPC nessa associação.

Aldo Malavasi, vice-presidente da SBPC, descreve o professor Gupta como o “esteio da Associação Interciencia”, organização que aproximou os dois cientistas há mais de doze anos: “Ele sempre manteve a chama da Associação acesa, mesmo nas épocas mais difíceis – como a atual, pela qual todos estamos passando. Sua personalidade aberta aos contatos e sempre tentando aproximar as diferentes tendências dentro da Associação fará muita falta no futuro. Ele merece um bom descanso.”

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