A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi homenageada no dia 20 de setembro em evento promovido pelo Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pelos Institutos de Química (IQ) e Física (IF), ligados ao CCMN, pelos seus 70 anos e pelo seu importante papel na luta de décadas pela ciência, tecnologia e educação no País e por suas atividades de divulgação e popularização da ciência no Brasil.

A diretora do Instituto de Física, Belita Koiler, disse que a homenagem surgiu para referenciar a SBPC, que tem um papel importante e absolutamente necessário para o desenvolvimento e divulgação da ciência no País. “A SBPC é muito importante para quem trabalha com ciência. A entidade é um amparo, uma tábua de salvação e que trabalha para manter o orçamento da ciência e o desenvolvimento do Brasil”, disse.

Vânia Paschoalin, professora titular do IQ e diretora adjunta de Pós-Graduação da UFRJ, foi uma das mediadoras do evento e acrescentou que a comemoração teve o sentido de parabenizar e reconhecer todas as ações já realizadas e, também, entusiasticamente, demonstrar quão importante a SBPC é para as novas gerações e para o futuro da ciência no País.

“A SBPC tem papel fundamental na manutenção do interesse da sociedade brasileira pelo progresso científico do País, na discussão dos sistemas de ciência, tecnologia e inovação e no financiamento das atividades para atingir este desenvolvimento científico. Por isso, essa homenagem é como uma demonstração de apreço e reconhecimento ao seu papel”, disse Paschoalin.

Claudio José de Araújo Mota, diretor do IQ, declarou que o evento, além de referenciar o papel da SBPC, sobretudo serviu para marcar o momento crucial da falta de recursos para a área CT&I e educação. “A SBPC tem papel fundamental no desenvolvimento do país e também para o surgimento de outras sociedades como a de Sociedade Brasileira de Química. E não poderíamos deixar de aproveitar o momento e fazer uma reflexão para o baixo orçamento que estamos vivenciando”, disse Mota.

Este foi o primeiro evento que os dois institutos realizam em parceria. “Tínhamos os nossos colóquios. Mas, como a homenagem à SBPC é de interesse de ambos os institutos, não poderíamos deixar de realizar este evento em conjunto”, explicou Koiler.

Conexões

O evento foi dividido em duas partes. Na primeira, os professores Pierre Mothé Esteves (IQ) e Rodrigo Barbosa Capaz (IF) apresentaram a palestra “Nanociências – onde a Física e a Química se encontram”. Os dois pesquisadores da UFRJ mostraram de forma brilhante a beleza e a importância da área, os novos resultados de seus grupos de pesquisa e de outros e destacaram a interdisciplinaridade do tema, em particular conectando a química e a física.

Na segunda parte, Ildeu de Castro Moreira e Luiz Davidovich, presidentes da SBPC e Academia Brasileira de Ciências (ABC), respectivamente, debateram sobre as “Políticas de Financiamento às Ciências”.  Para Moreira, eles apresentaram o quadro da ciência brasileira, as perspectivas e a situação dos recursos para a área, como cortes no orçamento de 2019 e ainda apontaram a necessidade das sociedades cientificas e acadêmicas e das universidades e instituições de pesquisa se mobilizarem para lutarem pelos temas de interesse, como ciência e educação. “Também chamamos a atenção para o momento eleitoral. Discutimos com a comunidade cientifica propostas de políticas públicas para CT&I, educação, etc. e estamos levando propostas importantes sobre isto para o próximo governo, debatendo com os presidenciáveis e também com candidatos ao Congresso Nacional”, explicou o presidente da SBPC.

Luiz Davidovich, também professor do IF-UFRJ, destacou a importância da ciência básica para o desenvolvimento do país e ressaltou o quadro grave pelo qual passa, no momento, a ciência brasileira.

Moreira, em sua apresentação, relembrou também as profundas conexões da SBPC com a UFRJ. “A primeira Reunião Anual da SBPC no Rio de Janeiro foi realizada no Museu Nacional, em 1957. E depois houve outras três reuniões anuais na UFRJ. No total, foram quatro reuniões anuais na UFRJ. E houve uma na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), em 1980″.

O presidente da SBPC também mencionou que muitos professores da UFRJ tiveram atuações importantes na SBPC, como Anísio Teixeira, que foi presidente da SBPC, o cientista José Leite Lopes, ex-diretor do IF e que foi vice-presidente da SBPC – e, neste ano, celebramos seu centenário de nascimento -, e Ennio Candotti, ex-professor do IF e ex-presidente da SBPC, que liderou a criação do importante projeto de divulgação científica Ciência Hoje, juntamente com outros professores da UFRJ e apoiado pela universidade.

No evento, o presidente da SBPC recebeu da UFRJ uma bela placa alusiva à homenagem aos 70 anos da Sociedade, oferecida pelo CCMN, IF-UFRJ e IQ-UFRJ.

Vivian Costa – Jornal da Ciência