A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) encaminhou a autoridades a moção intitulada “Construção do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília”. O documento foi aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral Ordinária de Sócios da SBPC, realizada no dia 11 de julho, na Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a 76ª Reunião Anual.
A moção foi enviada a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI, Luciana Santos; o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Inácio Arruda; o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; o secretário de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, Leonardo Reisman; e para os presidentes da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, Marco Antônio Costa Júnior; da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCTI) da Câmara dos Deputados, deputada federal Nely Aquino; da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática (CCT) do Senado Federal, senador Carlos Viana e da Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo (CDESCTMAT) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Distrital Daniel Donizet.
Segundo a entidade, a crescente influência da ciência e da tecnologia na vida cotidiana torna os museus de ciência e tecnologia espaços essenciais para a difusão do conhecimento e construção de compreensões acerca dos rumos, bons e maus, que a nossa sociedade segue a partir dos resultados do desenvolvimento científico e tecnológico.
A entidade lembra que a “ideia de um Museu de Ciência e Tecnologia na capital federal é originária de um movimento ligado ao projeto gerador da Universidade de Brasília, em que Anísio Teixeira previu a edificação de um museu de história natural na praça central do campus Darcy Ribeiro. Esse museu nunca foi realmente planejado e instituído. A movimentação em torno desse projeto de Anísio Teixeira avançou também, a partir de 2004, na direção de prover Brasília de um Museu de Ciência e Tecnologia. Em 2006, quando ainda se pensava na edificação do museu dentro do campus Darcy Ribeiro da UnB, foi feito um concurso de projetos de arquitetura, que teve como vencedor um grupo liderado pelo Professor Nonato Veloso, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.”
Leia a moção na íntegra:
Título: Construção do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília
Destinatários: Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – Ministra Luciana Santos, Secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Inácio Arruda, Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, Secretário de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, Leonardo Reisman, Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, Marco Antônio Costa Júnior, Presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCTI) da Câmara dos Deputados, Deputada Federal Nely Aquino, Presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática (CCT) do Senado Federal, Senador Carlos Viana e Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo (CDESCTMAT) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Deputado Distrital Daniel Donizet.
Texto: “O Brasil é o único país do G20 – organização que tem, pela primeira vez, a presidência brasileira – a não manter, em sua capital, um grande museu público dedicado à Ciência e Tecnologia e destinado a promover o contato do cidadão com as múltiplas áreas do conhecimento científico. A crescente influência da ciência e da tecnologia na vida cotidiana torna os museus de ciência e tecnologia espaços essenciais para a difusão do conhecimento e construção de compreensões acerca dos rumos, bons e maus, que a nossa sociedade segue a partir dos resultados do desenvolvimento científico e tecnológico. Basta ver o exemplo do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Brasília é também a única cidade do Brasil a contar com uma rede organizada de instituições de educação não-formal de difusão científica, a RedeCIÊNCIA, a qual clama pela ampliação de seu escopo por meio da construção do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília como estrutura que colocaria em evidência uma faceta extraordinária de nossa capital: a de uma cidade que educa.
A ideia de um Museu de Ciência e Tecnologia na capital federal é originária de um movimento ligado ao projeto gerador da Universidade de Brasília, em que Anísio Teixeira previu a edificação de um museu de história natural na praça central do campus Darcy Ribeiro. Esse museu nunca foi realmente planejado e instituído. A movimentação em torno desse projeto de Anísio Teixeira avançou também, a partir de 2004, na direção de prover Brasília de um Museu de Ciência e Tecnologia. Em 2006, quando ainda se pensava na edificação do museu dentro do campus Darcy Ribeiro da UnB, foi feito um concurso de projetos de arquitetura, que teve como vencedor um grupo liderado pelo Professor Nonato Veloso, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
Em 2009, após entendimentos que estabelecemos com o então ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) Sérgio Rezende, o projeto do museu foi publicamente anunciado, com construção prevista para acontecer ao lado do Instituto de Biologia da UnB, o que nunca aconteceu. Logo depois, já tendo o GDF como parceiro da iniciativa, foi decidido que o museu seria de interesse da cidade, como promotor de CT&I em escala mais ampla e como alavancador do turismo científico no Distrito Federal. Consequentemente, o museu deveria ficar fora do campus, em um lugar de destaque na capital federal.
Foi pensada, então, uma localização estratégica e central para o museu e, em concertação com o GDF, vislumbrou-se a ocupação das instalações da antiga Rodoferroviária de Brasília, edificação de autoria de Oscar Niemeyer que faria jus ao novo inquilino. Entre 2010 e 2011, após audiência com o então ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação Aloizio Mercadante e com recursos do MCTI e da Unesco, foi feito um estudo museológico e museográfico bastante completo sobre o projeto. Mas, foi só em 2012 que o museu foi novamente anunciado, na abertura da 9ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, pelo novo ministro do MCTI Marco Antônio Raupp, que afirmou que o projeto seria moderno, dinâmico e interdisciplinar, de modo a contribuir para fazer de Brasília referência nacional.
Em 2013, o Museu de Ciência e Tecnologia foi formalmente criado pelo então governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz, por meio do Decreto n° 34.838, de 13 de novembro, que em seu artigo 4º aponta que a edificação ocuparia o terreno situado no Setor de Difusão Cultural, lote 10, RA-I, entre o Planetário e a Sala Funarte. Também estabeleceu prazo de 180 dias para criação de estrutura administrativa de cargos e funções do novo Museu. Mas, mesmo com terreno designado por decreto governamental, a construção não avançou. Nos anos seguintes, sucessivos ministros do MCTI manifestaram apoio à iniciativa, mas ela nunca saiu do papel: Clelio Diniz, Aldo Rebelo, Celso Pansera e Gilberto Kassab.
Em 2017, o então governador do DF, Rodrigo Rollemberg, buscou avançar com o projeto e o Instituto de Arquitetos do Brasil, contratado pelo MCTI, elaborou um termo de referência para subsidiar um concurso de projetos de arquitetura necessário para se precificar a construção. O projeto avançou até o planejamento do concurso, conforme noticiado pelo Correio Braziliense em 11 de julho daquele ano. Só que, mais uma vez, nada aconteceu. O tempo passou e, em 10 de março de 2020, o atual governador do DF, Ibaneis Rocha, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), promoveu uma reunião com o então Ministro do MCTI, Marcos Pontes, com o objetivo de se alavancar o projeto do museu.
Mas, no dia seguinte, justamente na data da reunião, em 11 de março, teve início o período de isolamento e quarentena decorrente da pandemia de Covid19. O encontro foi cancelado e até hoje não foi realizado. No segundo semestre de 2023, o então secretário da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal (SECTI) Gustavo Amaral anunciou que tomaria todas as providências para fazer o projeto acontecer, o que também não ocorreu. Mas, eis que, neste início de 2024, temos novas luzes no final desse interminável túnel: além da renovação do apoio do MCTI e do novo e essencial apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o atual Secretário da SECTI, Leonardo Reisman, mostra-se bastante sensível com relação à realização do projeto e já anunciou a tomada de providências concretas a respeito, como a busca de emendas parlamentares para a premiação do vencedor do concurso de arquitetura e a realização de uma cerimônia oficial de lançamento de uma pedra fundamental do museu.
Pelo exposto, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, apoiadora do projeto e comprometida com o fomento a iniciativas e a políticas públicas de educação e divulgação científica, reivindica que sejam envidados esforços em prol da construção de um Museu de Ciência e Tecnologia na capital do país. Também pede que seja reconstituída a Comissão Executiva para a construção do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília, liderada pelo MCTI e com participação do GDF, da RedeCIÊNCIA e da Universidade de Brasília.
Belém, 11 de julho de 2024.
Jornal da Ciência