A conscientização de crianças e adolescentes é o foco do estande da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que segue com programação gratuita em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, até domingo (26/10).
Neste ano, a edição tem como tema “Planeta Água: Cultura Oceânica para Enfrentar as Mudanças Climáticas no meu Território”. Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, idealizador da SNCT, a ideia do tema é ser um convite à reflexão sobre a relação entre o ambiente marinho, as mudanças climáticas e os territórios.
No caso do estande da SBPC, o lúdico e o despertar da curiosidade ganham força para trazer o público a dois temas presentes na realidade cotidiana:
“Nós trouxemos aqui no espaço uma ação sobre o controle do mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças virais de grande impacto na saúde pública, como dengue, Zika, chikungunya, febre amarela urbana e, mais recentemente, potencialmente o vírus oropouche. E também uma iniciativa que explora os fitopatógenos, que são fungos que podem causar doenças nas plantas, além de outras espécies de fungos empregadas na produção de alimentos, medicamentos, bebidas e em aplicações biotecnológicas”, explica a diretora da SBPC e professora da Universidade de Brasília (UnB), Laila S. Espindola, que coordena o espaço.
Espindola conta que a curiosidade contagia todos os perfis de público. “Estamos recebendo centenas de pessoas por dia, vindas das escolas públicas – desde criancinhas bem pequenas até jovens, professores, pais e pessoas idosas. Os professores da Secretaria de Estado que vêm até o estande pedem o material produzido pela SBPC, que estamos distribuindo durante o evento, como livros, panfletos, edições do Jornal da Ciência, dentre outros. É tudo muito animado e intenso.”
Para ajudar na programação do espaço, a equipe da SBPC está contando com a participação de professores e estudantes da UnB. Como é o caso de Jefferson Almeida dos Reis, pós-graduando do programa de Biologia Microbiana:
“Eu acho que esse encontro da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é fundamental porque ele possibilita que a gente tenha contato direto com diferentes níveis do ensino brasileiro, desde a educação básica até a graduação. A gente consegue ver o que eles estão desenvolvendo, o comprometimento que hoje tem se iniciado desde o nível básico com a educação ambiental, com a importância dos nossos ecossistemas, se alinhando ao tema desse ano da SNCT, que é a preservação e conservação dos oceanos. Participar da SNCT é algo de grande crescimento profissional e me faz acreditar em um futuro melhor, um futuro mais inspirador.”
Estudante da graduação, Gustavo Medeiros Januario reforça a importância que é ver um público interessado em áreas da Ciência e da conservação ambiental, “Além da experiência no estande da SBPC, que tem sido maravilhosa, a experiência da feira tem sido fantástica também. Há muitos experimentos interessantes dos outros órgãos aqui, como, por exemplo, do Ministério da Saúde, além de experimentos de alunos do ensino médio e fundamental. É muito bom ver que as escolas, não só daqui de Brasília, mas do País todo, têm trazido seus alunos, têm divulgado Ciência para eles e como os alunos estão se interessando pela Ciência. É um incentivo maravilhoso ver que tem outras pessoas que continuam se preocupando com o meio ambiente e que vão dar seguimento a essa profissão tão maravilhosa que é a nossa.”
Estudante do mestrado em Fitopatologia da UnB, Bianca Rodrigues Teixeira também compartilha um encantamento ao participar da SNCT: “Tem sido muito gratificante poder ensinar às crianças e aos adolescentes um pouco do nosso mundo. É muito interessante ver os olhos deles brilhando, é gratificante. Também é muito legal andar por aqui e poder conhecer um pouco do que a Ciência pode fazer.”
Já para a professora Lorena Carneiro Albernaz, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é importante porque traz a sociedade para mais perto do que é feito dentro dos laboratórios e dos institutos de pesquisa, “Às vezes, as pessoas não sabem o que a gente faz, então aqui na SNCT a gente está mostrando uma parte das nossas pesquisas. No caso, o que a gente faz com o Aedes aegypti, mostrando como é feita a criação do mosquito no Insetário do Laboratório de Farmacognosia da UnB, voltada à pesquisa para o controle do vetor. Receber as crianças, mostrar isso para elas e ver que elas entenderam e que elas perguntam é uma coisa muito enriquecedora, que faz o nosso trabalho valer a pena.”
A diretora da SBPC, Laila S. Espindola, ressalta a importância da Ciência dentro do fortalecimento da sociedade, e como o contato com o público é também inspirador para os cientistas.
“A Ciência é tão importante quanto a Saúde. As universidades, os institutos de pesquisa, os projetos de popularização da Ciência como o programa SBPC vai à Escola e essa Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, são tão importantes quanto os hospitais. Porque a gente também salva vidas, mas de uma forma distinta. O conhecimento pode libertar as pessoas. E aqui a gente vê o interesse das crianças, a curiosidade, a paixão que brilha nos seus olhos, não tem nada mais gratificante. É puxado ficar aqui a semana inteira, mas é lindo. Eu já estou quase desistindo de ensinar os meninos grandes para ser professora de menino pequeno”, conclui, aos risos.
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Rafael Revadam – Jornal da Ciência



