A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lamenta a perda do professor José Arthur Giannotti, um dos maiores nomes da filosofia brasileira. Sócio da SBPC desde 1973 e membro do Conselho da entidade durante dois períodos (1983/1987 e 1989/1993), ele sempre se mostrou ativo nos embates sobre a educação, a ciência e a democracia.
A Diretoria da SBPC manifesta seus sentimentos aos familiares e amigos do professor, cuja obra permanece viva, em seus livros e também nas gerações de pesquisadores que lhe devem sua formação.
Por muitos anos, o professor exerceu suas atividades de docência e pesquisa no prédio da Universidade de São Paulo (USP), localizado na rua Maria Antônia, 294, onde hoje a SBPC tem sua sede. “A obra de Giannotti permanece viva, em seus livros e também nas gerações de pesquisadores que lhe devem sua formação”, afirma a entidade em nota.
Nascido em São Carlos, no interior de São Paulo, Giannotti formou-se em filosofia na USP na década de 1950. Professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) desde 1998, também deu aulas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O filósofo ajudou a fundar o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Ceprap) em 1969, uma entidade de estudos sociais. Foi membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e de diversos conselhos deliberativos da área educacional e científica, entre eles, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (de 1990 a 1992) e da Comissão Nacional de Reformulação da Educação Superior do Ministério da Educação (em 1985). Também era membro da Academia Brasileira de Ciências.
Por suas contribuições, recebeu o Prêmio Anísio Teixeira em 2001 e foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico.
Entre as obras publicadas estão os livros “Apresentação do mundo” (1995), “Certa herança marxista” (2000), “O jogo do belo e do feio” (2005) e “Lições de filosofia primeira” (2011). No ano passado, aos 90 anos, o filósofo lançou “Heidegger/Wittgenstein: confrontos”.
Em nota, o professor diretor da FFLCH-USP, Marco Zingano, lamentou a morte de Giannotti e o classificou como “uma figura ímpar”. “Giannotti estava sempre à nossa frente, estava muito além de todos nós, via o que não conseguíamos ver e, mesmo assim, se dedicava inteiramente a nos fazer ver o que somente ele conseguia vislumbrar. Assim era Giannotti: inescapavelmente solitário em sua capacidade de ver o que foge a tantos, sempre voltado, no entanto, a nos instruir, a nos fazer ver, mas sempre certo de que entrevê o que é fugaz e instável, pois está em constante diálogo interno com seu próprio daimon e sua implacável crítica. Assim é o filósofo”.
Diversas instituições, dentre elas o Instituto de Filosofia e Ciência Humanas (IFCH) da Unicamp e a UFBA, também publicaram notas de pesar sobre o falecimento de Giannotti.
SBPC