SBPC lamenta a morte do geneticista Antonio Rodrigues Cordeiro

Sócio da SBPC desde 1949, Cordeiro inaugurou os estudos de genética no Sul do Brasil e foi pioneiro na criação de importantes universidades e centros de estudos de genética pelo País

antonio-rodriguesA Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lamenta profundamente a morte do geneticista Antonio Rodrigues Cordeiro, nesse domingo, 16 de maio, aos 98 anos.  Cordeiro era sócio da SBPC desde 1949 e foi membro do Conselho por quatro mandatos, entre 1963 e 1979. Em 1973, por ocasião dos 25 anos da entidade, recebeu “Medalha do Jubileu de Prata da SBPC” pela alta qualidade de seu trabalho científico.

Nascido em Bagé, no Rio Grande do Sul, em 6 de março de 1923, Cordeiro inaugurou os estudos de genética no Sul do Brasil e foi um dos primeiros brasileiros a se dedicar ao estudo dos genes no âmbito bioquímico.

Formado em História Natural pela UFRGS, em 1947, passou por renomadas instituições do Brasil e dos Estados Unidos – Columbia, Texas e Wisconsin. Aprendeu com Crodowaldo Pavan a paixão pelo estudo das drosófilas e excursionou por todos os cantos do País para conhecer e classificar as diferentes espécies. Este foi o tema do doutorado, concluído na USP, em 1954, dois anos após retornar dos EUA.

Cordeiro fez parte da equipe que projetou a Universidade de Brasília (UnB) – ao lado de Maurício Rocha e Silva e a convite do então ministro da Educação, Darcy Ribeiro. Também foi pioneiro na construção da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), na década de 1990, onde criou o Laboratório de Biotecnologia, do Centro de Biociências e Biotecnologia.  Foi ainda responsável pela implantação de Laboratórios de Genética na UFRGS, UFRJ, entre outras universidades.

Em 1978, recebeu da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul a Medalha de Ouro, em reconhecimento aos serviços prestados em favor do desenvolvimento científico do RS.

A Direção do Instituto de Biociências da UFRGS considerou a morte de Cordeiro uma “inestimável perda”. A Uenf destacou que o cientista “foi um dos pilares na construção da universidade”. E a Academia Brasileira de Ciências (ABC), onde Cordeiro era membro desde 1981, também lamentou a morte do “grande cientista”.

Marinheiro-cientista, construiu seu primeiro barco ainda criança, com madeira, serrote, chave de fenda e martelo. Teve várias embarcações depois dessa e chegou até a sobreviver a um naufrágio, próximo a Porto Alegre. Dizia que sua paixão era a genética, mas que seu fascínio sempre foi a navegação.

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