A SBPC lamenta a morte de Alba Apparecida de Campos Lavras, aos 94 anos, pesquisadora aposentada e ex-diretora do Instituto Butantan, que teve participação decisiva na luta pelo reconhecimento e consolidação da carreira de pesquisador científico no Brasil. Sócia ativa da SBPC desde 1956, Alba foi conselheira por três mandatos (1983-1987, 1989-1993 e 1999-2003) e colaboradora das ações da entidade, tendo coordenado várias comissões.
Em nota, a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) “reitera sua gratidão pelo trabalho da pesquisadora científica, que tanto contribuiu e seguirá contribuindo à nossa luta em defesa dos institutos de pesquisa e dos pesquisadores paulistas, assim como da própria ciência brasileira”.
Trajetória
Alba Lavras nasceu em Ipauçu (SP), em 26 de outubro de 1927, mas em 1939 mudou-se para São Paulo, onde iniciou os estudos. Sua mãe, Adalgisa, morreu muito jovem, em 1941, deixando cinco filhos aos cuidados exclusivos do marido, Francisco de Campos. Após a perda da mãe, Alba começa a dar aulas em um curso de admissão ao ginásio, no Colégio Paulistano.
Em 1946 ingressa na Escola Paulista de Medicina e passa a dar aulas preparatórias para o vestibular. Dois anos depois, paralelamente à Medicina, faz um curso de Bioestatística com o prof. Adolpho Martins Penha, no Instituto Biológico.
No Instituto Butantan, onde ingressou mais tarde, dedica-se à investigação científica, apresentando os resultados obtidos em conclaves científicos, nacionais e internacionais, e publicando-os em revistas especializadas dentro e fora do País. No renomado instituto ocupa o cargo de médica (1954-1977) e de pesquisadora Científica (1977-1997). Nesses cargos, juntamente com a investigação científica, exerce funções administrativas e tem participação direta em associações, sociedades e conclaves científicos.
Ao longo de toda a sua carreira, participa de inúmeras bancas examinadoras e da coordenação de concursos para seleção de estagiários e captação de recursos humanos para pesquisa e apoio à pesquisa no Instituto Butantan. Ao proferir palestras para a divulgação da ciência, sempre expressava sua convicção de que cabe a todo profissional, principalmente aos de um país subdesenvolvido (ou em desenvolvimento), não apenas fazer bem o seu trabalho e aprimorar a sua capacitação, mas principalmente lutar pela conquista de melhores condições de trabalho e formação.
A Dra. Alba Lavras foi ainda Membro da Comissão Permanente do Regime de Tempo Integral (CPRTI) e sua presidente (1976-1980). Vale lembrar, que Alba, José Reis e Bernardo Goldman foram os bravos e aguerridos “patronos” da carreira de Pesquisador Científico. Sua trajetória profissional, aliás, ficou marcada não só pela criação da carreira de Pesquisador Científico, mas também da carreira de Assistente Técnico de Pesquisa Científica e Tecnológica e da carreira de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica.
A pesquisadora também empresta seu nome à Medalha Alba Lavras, a mais importante condecoração concedida pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) a profisisonais que se destacam por seu trabalho ou apoio à Ciência.
SBPC, com informações da APqC