SBPC-Pará chamou a atenção para a Amazônia e a saúde pública na Marcha Virtual pela Ciência

A Secretaria Regional da SBPC no Pará reuniu especialistas para debater a pandemia do coronavírus e seus impactos na sociedade amazônica

Em apoio à Marcha Virtual pela Ciência, a Secretaria Regional da SBPC no Pará (SBPC-Pará) – realizou no dia 7 de maio o painel “A Pandemia do Novo Coronavírus e seus impactos na Sociedade Amazônica”. Coordenado pelo secretário regional da SBPC-Pará, Genylton Rocha, o debate contou com a participação de Rosa Carmina Couto, médica sanitarista, Doriedson Rodrigues, professor da UFPA/Campus de Cametá, Alexandre Augusto Cals e Souza, professor da UFPA/Campus Abaetetuba. A transmissão da atividade desenvolvida no dia 07 de maio já teve mais de 1000 curtidas e está disponível na pagina do Facebook da Secretaria Regional (www.facebook.com/sbpcpara/videos).

No painel foi feito uma abordagem das relações entre ciência, realidade amazônica paraense, saúde pública e questões econômicas e culturais numa perspectiva de luta de classe, analisando o contexto sócio-político-econômico e cultural de povos e populações tradicionais da Amazônia paraense e a situação do crescimento geométrico do coronavírus em municípios do interior do Pará, onde residem homens, mulheres em territórios de ilhas, distritos, vilas, vicinais cidades, comunidades ribeirinhas, quilombolas, povos do campo, das águas e das florestas, com a vida permeada pela agricultura familiar, pelo extrativismo e pela pesca, bem como pelo mercado informal, e pequena presença de funcionários públicos, com uma realidade muito diferente dos grandes centros urbanos. Ficou evidenciada a necessidade de fortalecer o Sistema Único de Saúde no contexto da pandemia e que o Estado Brasileiro garanta as condições de sobrevivência dessas populações uma vez que grande parte dessas populações encontram-se no mercado informal dada a crise estrutural do desemprego imposta e intensificadas pelo modo de produção capitalista e pelo governo brasileiro com suas políticas econômicas, sociais, culturais, ideológicas que não raro assumem perspectiva de uma necropolítica.

O painel ressaltou que o Brasil é o epicentro da pandemia na América Latina, os casos confirmados e óbitos dobram a cada 5 dias. Apresentando 190.137 casos e 13.240 óbitos, letalidade: 6,96% (em 14/05/2020). No Pará a situação é preocupante pois a pandemia segue com crescimento acelerado do número de casos confirmados e óbitos: são 10.344 casos confirmados e 1.022 óbitos (fonte: SESPA atualizado em 13/05/2020). O Governador do Estado decretou “lockdown” com objetivo de achatar a curva epidêmica e evitar a sobrecarga do sistema de saúde, atualmente com taxa de ocupação de leitos de UTI em 86,74%. No Pará, Belém e região metropolitana são o epicentro da epidemia: Belém apresenta 4.612 casos confirmados e 552 óbitos, letalidade:11,97%; Ananindeua: 969 casos confirmados e 92 óbitos, letalidade: 9.49%; as quais são responsáveis por 54% dos casos do Pará. Segundo o relatório da Fiocruz a covid-19 vai se espalhando e se interiorizando pelo Brasil. Todas as regiões do Pará estão positivas para a covid-19, mesmo que nem todos os municípios sejam positivos. A interiorização da covid-19 na Amazônia está evidenciando o sistema de saúde sem capacidade de responder as demandas dos pacientes por leitos de uti e respiradores. As populações amazônicas como os ribeirinhos, quilombolas e povos indígenas estão encontrando dificuldade no acesso ao sistema de saúde. Os povos indígenas podem ser mais atingidos pela covid-19 pela sua vulnerabilidade e risco de invasão de suas terras por garimpeiros e grileiros.

No contexto da situação pandêmica, sem tratamento específico e sem vacina para a covid-19, o que temos para conter o espalhamento do vírus são as medidas de intervenção não farmacológicas: distanciamento social, lavar as mãos, etiqueta respiratória e uso de máscara. Porém, os empresários alertam: – Se o país ficar muito tempo em quarentena a economia quebra! O isolamento social da covid-19 está produzindo uma recessão global. Todos os países estão revendo suas previsões de crescimento para baixo para o ano de 2020. A outra questão polemica é a reabertura da economia com segurança para os trabalhadores e a sociedade. Os especialistas alertam que num cenário sem vacina e sem tratamento eficaz, interromper a transmissão do novo coronavírus continua sendo a única defesa contra a covid-19, daí a estratégia de contenção que deverá se manter até que vacina e tratamento eficazes estiverem disponíveis para evitar o risco de epidemias posteriores.

Genylton Rocha, secretário regional da SBPC-Pará, especial para o Jornal da Ciência