A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) recebeu, na última sexta-feira, 4 de abril, a visita da Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde (MS), Ana Estela Haddad, em sua sede, na capital paulista. Na pauta de conversas, estavam temas como a inclusão da saúde entre os programas estruturantes do FNDCT, o fortalecimento da interação entre os ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e a expansão de uma política nacional de promoção da atividade física para a qualidade de vida.
Recepcionada pelo presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, e pela diretora da entidade, Marimélia Porcionatto, a secretária visitou o Centro de Memória Amélia Império Hamburguer (CMAIH), que preserva o acervo histórico da SBPC. Em meio a documentos, objetos e fotografias que registram momentos-chave da ciência brasileira, chamou atenção uma imagem de 2008: nela, seu marido, Fernando Haddad – hoje ministro da Fazenda – aparece ao lado do presidente Lula e do então presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, descerrando a placa comemorativa dos 60 anos da entidade. A ocasião foi histórica, por marcar a única visita de um presidente da República à SBPC e lançar a semente de um arcabouço legal para o avanço da ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
Após conhecer a sede, Janine Ribeiro e Porcionatto conversaram com Haddad sobre o primeiro ponto da pauta: a ausência da área da Saúde entre os programas estruturantes e mobilizadores do Plano Anual de Investimento (PAI) do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). “Dos dez programas propostos para ciência, tecnologia e inovação, nenhum é dedicado diretamente à saúde”, lamentou o presidente da SBPC, destacando a necessidade urgente de integrar o setor à estratégia nacional de C&T. Entre os programas já lançados, estão o Pró-Infra, o Mais Inovação, o Programa Conecta e Capacita Brasil, o Identidade Brasil, entre outros. Em discussão, estão ainda dois novos eixos: um focado em Inteligência Artificial e outro em Mudanças Climáticas.
Marimélia Porcionatto, que também é professora titular da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), reforçou a preocupação: “Embora tangencie todas as áreas, a pesquisa básica em saúde acaba totalmente descartada nesses projetos. E se não tem pesquisa básica, você vira apenas consumidor”, alertou.
A possibilidade de intensificar a interlocução entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) também em debate. “Queremos apoiar essa maior interação para impulsionar o complexo industrial da saúde”, enfatizou Janine. Haddad concordou com a importância do fortalecimento institucional, sugerindo que esse avanço pode ocorrer por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS).
Outro ponto discutido foi a criação de um programa de combate ao sedentarismo, de incentivo a atividades físicas, aos
moldes do “Agita São Paulo”, criado pelo então secretário de Saúde do Estado de S, Paulo, prof. José da Silva Guedes. Janine Ribeiro sugeriu que a ação seja transformada em uma política nacional de promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas, voltada à melhoria da qualidade de vida da população.
Ao final da visita, o presidente da SBPC destacou a relevância do encontro. “Estamos muito felizes em receber a secretária Ana Estela Haddad, que vem realizando um trabalho notável no desenvolvimento da saúde digital. A vinculação entre ciência e saúde é essencial. A saúde tem oferecido as melhores entregas nos últimos anos, aumentando a expectativa e a qualidade de vida, graças à ciência”, disse.
Em resposta, Haddad destacou o histórico papel da SBPC para o progresso científico no Brasil. “É um prazer imenso estar aqui. Uma honra visitar a SBPC e conhecer de perto esse trabalho maravilhoso, sua história e a militância incansável em defesa da ciência brasileira”, declarou.
Daniela Klebis – Jornal da Ciência