A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) recebeu na noite dessa terça-feira (25/8) o Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania 2020, concedido pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc-SN). A cerimônia de entrega foi realizada em formato virtual, extraordinariamente, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

“A SBPC sempre foi uma espécie de guardiã da boa ciência, da verdade científica e, no momento atual, em que (voltam a dizer que) ‘terra é plana’ e os negacionistas estão a toda, nada mais justo que dar o prêmio à SBPC”, afirmou o médico, biofísico, ex-presidente da Fiocruz, Carlos Medici Morel, ao apresentar a premiação. Ele relembrou as reuniões anuais da sociedade que sempre marcaram uma posição em favor da democracia. “Os encontros anuais da SBPC sempre foram uma manifestação macro de peso, em alguns momentos era a única voz que falava num país dominado pelo medo, pela insegurança, pela perseguição”, disse Morel.

Representando a instituição, o presidente Ildeu de Castro Moreira agradeceu à Asfoc, reiterando a honra de receber a distinção que homenageia Sergio Arouca (1941-2003), sanitarista que foi referência para a saúde e a ciência brasileiras. O presidente da SBPC ressaltou que a entidade fica muito alegre e honrada de receber o prêmio e agradece muito à Asfoc, uma entidade sindical importante e sempre ativa em defesa dos direitos dos trabalhadores em geral, em especial os da Fiocruz, da saúde, da vida, dos valores democráticos, da educação e do desenvolvimento científico também. “A SBPC tem uma história muito intensa de aproximação com a Fiocruz, portanto a gente fica muito satisfeito de recebê-lo (o prêmio), ainda mais com a apresentação muito generosa do Carlos Morel, que valoriza esse aspecto da SBPC, da sua história na luta pela educação, pela ciência, pela democracia, pela saúde e cidadania, que são questões centrais para o povo brasileiro”, declarou Moreira.

O presidente da SBPC recordou em seu discurso a parceria histórica da Fiocruz com a SBPC, a presença de seus pesquisadores nas reuniões anuais promovidas pela instituição desde seu início, em 1949. “Temos feito coisas em comum, temos um grupo de trabalho em saúde que é coordenado pelo Carlos Gadelha, (diretor) da Fiocruz, temos uma relação muito direta com Nísia (Trindade Lima), grande presidente da Fiocruz, nesse momento muito difícil do País, é fundamental que a gente tenha integrado nessa luta pela ciência, pela melhoria das condições de vida dois brasileiros e pela redução das desigualdades”, afirmou Moreira.

O prêmio foi dedicado a todos os profissionais da saúde, pesquisadores, técnicos e estudantes  que estão na linha de frente do combate ao coronavírus.

Segundo a vice-presidente da Asfoc, Michelly Alves, a premiação é também uma exaltação ao trabalho de “pessoas e instituições comprometidas com a construção de um país mais justo e democrático, inclusivo, sustentável e soberano”. O evento foi também uma homenagem aos 120 anos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em sua fala, Nísia Trindade Lima afirmou que a homenagem a Sergio Arouca tem importância por tudo que ele significou, não apenas para a Fiocruz, mas de forma mais ampla para a democracia.

Criado pelo Asfoc-SN no ano de 2004, o Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania tem por objetivo preservar a obra e memória do sanitarista na defesa da saúde pública no País, além de valorizar ações da sociedade que visem a garantia de direitos e o desenvolvimento da população. O sindicato concedeu o prêmio também à nutricionista Tânia Celeste Matos Nunes (Fiocruz); a Nelson Rodrigues dos Santos, doutor em medicina, especialista em saúde pública pela Universidade de São Paulo; a Antônio Ivo, ex-diretor da Escola Nacional de Saúde Pública e à médica Kátia Silva. Também foi homenageado o Coral Fiocruz, que realizou uma apresentação virtual de seus componentes a partir de suas casas.

O sindicato também anunciou a concessão da medalha Jorge Careli de Direitos Humanos, oferecida a pessoas, projetos, coletivos, movimentos sociais ou instituições que se destacaram na luta pela atenção social e defesa dos direitos humanos no Brasil. Este ano os agraciados foram os movimentos sociais “Coletivo Pretas Ruas”, “Movimento dos Pequenos Agricultores – MAP” e o “Levante Popular da Juventude”.

Assista à cerimônia de premiação na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=-c9rBiP6yZY&feature=youtu.be

Jornal da Ciência