O Secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicação (MCTIC), Marcelo Morales, se reuniu nesta segunda-feira (4/2), na sede da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Paulo, com representantes de entidades científicas para discutir propostas para educação em ciências e apresentar a proposta “Ciência na Escola”. Trata-se do conjunto de ações do MCTIC, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), que visa promover a interação entre universidades e a rede de escolas públicas para o ensino de ciências.
O Ciência na Escola é uma das 35 metas estabelecidas pelo presidente Jair Bolsonaro para os primeiros 100 dias de gestão. O MCTIC recebeu uma segunda meta, a implantação do Centro de Testes de Tecnologias de Dessalinização, que deverá mapear tecnologias em sistemas de dessalinização nas condições de operação no Semiárido.
Segundo Morales, o Programa Ciência na Escola atuará de forma complementar e articulada com ações de popularização da ciência como olimpíadas e feiras de ciência, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, entre outros. O objetivo é promover o ensino de ciências nas escolas públicas por meio da interação entre docentes e discentes das Instituições de Ensino Superior (IES) e Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), do ensino médio e fundamental. A intenção é estimular o interesse e o aprendizado de ciências por meio da oferta da infraestrutura de laboratórios das universidades e das metodologias de pesquisa.
“Serão feitas duas chamadas, uma institucional, colocando a universidade em interação com as escolas, os professores e os alunos colocando a mão na massa, fazendo experimentos em feiras”. Morales explicou que serão selecionadas em junho as melhores entre pelo menos cinco propostas – uma de cada região do país – que funcionarão em rede e serão monitoradas a cada três quanto aos resultados, para avaliação dos impactos. Em outra frente será incentivada a criação de uma olimpíada transversal, básica, com todas as áreas do conhecimento, inspirada em competições já realizadas pela Universidade Federal do Piauí, que reúnem cerca de 250 mil alunos. “O que queremos colocar é uma olimpíada básica, nacional, transversal a todas as disciplinas, começando com o ensino médio e baixando até atingir o fundamental”.
Durante a reunião, Morales falou dos planos e prioridades de sua pasta e respondeu às dúvidas dos participantes. Apresentou a reestruturação da secretaria e reiterou que, embora o orçamento do Ministério seja restrito, serão selecionados cem projetos prioritários para investimento nos próximos dois anos.
O presidente da SBPC, Ildeu Moreira, afirmou que o encontro representou a abertura de um diálogo do governo com a comunidade científica e informou que a entidade já tem um grupo de trabalho formado e pronto para discutir os temas de interesse do setor.
Os representantes das entidades científicas presentes reiteraram a valorização do professor como “tema basilar” de qualquer política de reforço do ensino das ciências nas escolas e ressaltaram a importância de manter e fortalecer o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Também apontaram a necessidade de fazer um mapeamento das iniciativas e programas para melhoria do ensino de ciências nas escolas já feitos e em andamento no País e ainda sugeriram a inclusão de ciências na Prova Brasil e na segunda etapa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Outra sugestão discutida foi o desenvolvimento de um programa mais amplo de interação de grupos de pesquisa da escola com os das universidades e centros de pesquisa. Eles ainda reivindicaram a promoção de um diálogo permanente com universidades, museus de ciências, entidades científicas e secretarias de educação e entidades educacionais.
Janes Rocha – Jornal da Ciência