Helena Nader participa de debate sobre a proposta do DF que destina área da Embrapa Cerrados para habitação popular
A audiência pública, realizada por requerimento dos senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Ana Amélia (PP-RS), que discutiu a pretensão do governo do Distrito Federal (GDF) de retirar a Embrapa Cerrados de área que atualmente ocupa, próxima à cidade de Planaltina (DF), para implantação de um projeto habitacional, realizada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) nesta quinta-feira (15/05), terminou sem avanços.
A audiência contou com a participação de Luciano Nóbrega, da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Sérgio Gonçalves, da Superintendência do Patrimônio da União no DF, José Roberto Peres, chefe-geral da Embrapa Cerrados, Paulo Lima, da Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano do DF, e Cristina Montenegro, promotora de Justiça do Distrito Federal.
Durante o debate, foi ressaltado por alguns participantes a importância da Embrapa Cerrados, que é dedicada a pesquisas para melhorar a produção agropecuária nos cerrados. A área, de 90 hectares, fica às margens da BR-020 e é utilizada para experiências científicas há mais de 30 anos. “As empresas brasileiras importantes não são só Embraer e Petrobras, mas também a Embrapa que tem um papel muito importante para o País”, disse Helena Nader, que também representou o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis.
Helena citou que tem 66 anos e que vivenciou um Brasil importador de alimentos, como leite dos Estados Unidos, há muitos anos. “Houve uma inversão porque o Brasil apostou no futuro, ou seja, na Embrapa”, disse Helena. E completa, “temos hoje segurança alimentar por causa das pesquisas da Embrapa. Hoje o Brasil está exportando tecnologia, inclusive para a África. O Brasil deixou de ser importador para ser exportador”, disse lembrando que a presidente Dilma Rousseff vive cobrando o setor de C,T&I.
Participantes por parte do governo, como Paulo Valério Silva Lima, secretário da Habitação do DF, ressaltou que o governo quer apenas 10% da área da Embrapa. Já Luciano Nóbrega Queiroga, da Terracap, disse que o déficit habitacional brasileiro é muito grande e que não há outras áreas (daquele tamanho) disponíveis para a construção deste projeto. “A Embrapa não sairia da área. Ela ficaria de um lado da rodovia, e o projeto seria construído do outro”, disse ressaltando que o Estado foi omisso à promoção de ocupações desordenadas.
Quanto a estes 10%, Helena Nader ressaltou que se mudar a pesquisa de local tudo poderá ser perdido. “É uma pena que o DF questione uma empresa como a Embrapa, que desenvolve inovação”, disse.
Para finalizar, Helena sugeriu que se não chegarem a uma solução, que se realize um plebiscito. “Um plebiscito para o povo brasileiro decidir, mas não só o do DF”, disse além de citar que irá fazer outra carta para o Governo Federal cobrando uma solução para a permanência e continuidade da Embrapa Cerrados.
(Vivian Costa/SBPC)