É preciso haver um espaço catártico para que as crianças possam expor, nas escolas, as dores e as experiências que tiveram durante a pandemia, com risco de termos uma geração frustrada. Essa é a avaliação que o filósofo e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, traz sobre os próximos passos para reduzir os efeitos negativos da pandemia do covid-19 na infância. “É um pouco uma coisa de colocar para fora sentimentos negativos, de modo que eles deixem de nos obcecar, de nos assombrar dentro da gente”, afirma Janine, que é presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Sobre o trabalho do Ministério da Educação (MEC) durante a pandemia, ele diz que faltou e falta ao Ministério da Educação o trabalho de liderança, de uma coordenação nacional de enfrentamento aos efeitos negativos da pandemia na educação. “Não houve fornecimento de tablet, de smartphone, menos ainda de laptop. Pior ainda, muitas vezes as crianças moram em lugares que não têm banda larga, pacote de dados. Faltou iniciativa, faltou generosidade. Faltou noção por parte do Governo”, critica.
“Nem o MEC está fazendo liderança na educação e nem o Ministério da Saúde está fazendo o de liderança na saúde”, diz ele. Apesar da inaptidão da resposta federal, Janine elogia o trabalho de alguns gestores municipais e federais, como João Doria (PSDB), governador de São Paulo, e Edinho Silva (PT), prefeito de Araraquara, município do interior de São Paulo.
Em entrevista ao Canal MyNews, no documentário Especial Geração covid, sobre a pandemia e a primeira infância, o ex-ministro revela também que tem procurado o Congresso Nacional para pressionar os parlamentares para que derrubem a Medida Provisória (MP) do presidente Jair Bolsonaro que altera a Lei de Conectividade. Na prática, a MP retira o prazo para que o governo federal forneça internet a alunos de escolas públicas, como determinava a lei aprovada pelo Congresso.
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