A 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi lançada oficialmente na última quinta-feira, 15 de dezembro, durante a solenidade que celebrou os 110 anos de fundação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com o tema “Ciência e democracia para um Brasil justo e desenvolvido”, a RA será realizada de 23 a 29 de julho de 2023, no campus da UFPR em Curitiba. O adeus a um ano difícil e a esperança pelo futuro promissor marcaram o aniversário da Universidade, um dos principais símbolos dos paranaenses, com a realização de uma Sessão Pública e Solene do Conselho Universitário no Teatro da Reitoria.
A cerimônia começou com a entrada do Cortejo Universitário no Teatro e o hino nacional com participação do duo de músicos Jay de Oyá e Igor Lazier do grupo de MPB da UFPR, e terminou com a última regência do maestro Alvaro Naldony à frente do Coro da instituição e um show de fogos de baixo ruído, no pátio da Reitoria.
Ao discursar, o reitor Ricardo Marcelo Fonseca lembrou que o ano de 2022 foi repleto de desafios para as instituições federais de ensino superior de todo o País, passando pelo retorno às atividades presenciais em fevereiro, ainda durante a pandemia, chegando até os cortes orçamentários enfrentados e os ataques simbólicos. Fonseca reforçou ainda que há uma grande expectativa de que esse ciclo chegue ao fim.
“Começamos finalmente a ver uma perspectiva de expansão e de funcionamento digno, com bolsas reajustadas e multiplicadas, sobretudo as de assistência estudantil e de permanência. Isso para que possamos reverter o quadro de evasão de todo o Brasil, que sinaliza uma crise no ensino superior”, afirmou. “Será uma virada não apenas orçamentária, mas também simbólica, uma virada que signifique que as universidades deixem de ser detratadas, para que passemos a integrar um projeto de nação, e que esse verdadeiro celeiro da inteligência do Brasil, que são as universidades publicas, se coloquem a serviço com suas pesquisas e talentos”.
O gestor salientou também que a atuação das universidades e dos hospitais universitários durante a pandemia é apenas um exemplo do quanto as instituições podem atuar pelo desenvolvimento econômico, soberania, formação da juventude e do futuro do Brasil.
O reitor finalizou o discurso destacando a esperança. “Neste ano, todos nós subsistimos, resistimos e vencemos. Quero desejar um grande ano de 2023, com dignidade orçamentária, com reconhecimento para essa instituição que é um verdadeiro patrimônio do povo brasileiro, a universidade pública brasileira”.
A vice-reitora Graciela Inês Bolzon de Muniz manifestou gratidão a todos os pioneiros da UFPR. ”Idealistas de coração generoso e olhos voltados para o futuro que sonharam na existência dessa universidade, com profunda convicção educativa”, disse. “Este momento é de comemorar os 110 anos, lembrar o passado, comemorar o presente, o futuro da educação e da produção de conhecimento em nosso país”.
O Superintendente Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, afirmou que a Universidade tem uma trajetória de grande contribuição com a formação de cidadãos e com o desenvolvimento do estado. “A UFPR sempre será, no sistema estadual de ciência e tecnologia, a grande referência, a grande mãe, a grande guia. Parabenizo toda a comunidade acadêmica que vêm construindo essa universidade de excelência, pública, gratuita e de qualidade”.
A SBPC retorna ao Paraná após de 37 anos, quando realizou pela quinta vez sua Reunião Anual na instituição paranaense, em 1986. O presidente da SBPC e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, participou da solenidade e ressaltou a satisfação em realizar o evento na Universidade. “A SBPC tem muita satisfação em voltar ao Paraná e estamos felizes por participarmos dessa comemoração. Parabéns a toda a comunidade da UFPR”, concluiu.
Uma Universidade formada por pessoas
A solenidade também destacou a participação das pessoas na construção da UFPR, com a homenagem ao primeiro servidor técnico-administrativo a receber o título de Emérito, Palmiro Francisco Franco. O título foi concedido pelo Conselho Universitário da instituição por unanimidade, no dia 13 de outubro, e outorgado pelo reitor durante a cerimônia de aniversário da UFPR.
Além da atuação no Laboratório de Anatomia do Setor de Ciências Biológicas da UFPR, Franco, atualmente servidor aposentado, produziu obras de taxidermia para o Museu de Anatomia.
O Maestro Alvaro Naldony, que se aposenta após 34 anos de UFPR, em boa parte à frente da regência do Coro e do Madrigal da UFPR, também foi homenageado com uma apresentação do grupo Madrigal. Os últimos concertos com regência e direção artística do Maestro foram realizados nos dias 11 e 12 de dezembro, encerrando a temporada 2022.
A última homenageada da noite, doutora Dalzira Maria Aparecida, além de pesquisadora é considerada uma personalidade importante do movimento negro. A Mãe de Santo Iyagunã Dalzira, Iyalorixá do Candomblé foi aplaudida de pé durante a cerimônia.
Dalzira começou os estudos com 47 anos e, aos 63, ingressou no curso de Relações Internacionais. Conquistou o título de mestre aos 72 anos e, aos 81 anos, conseguiu defender a tese de Doutorado no Setor de Educação da UFPR.
Jornal da Ciência, com informações da UFPR