É preciso continuar lutando para que a ciência seja valorizada no Brasil, afirmam participantes da campanha “Ciência, pra que Ciência?”, lançada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A campanha já recebeu mais de 40 vídeos, nos quais pesquisadores e amigos da ciência contam como os cortes no orçamento da Capes e do CNPq, principais agências de fomento à ciência do País, irão comprometer o futuro de pesquisas importantes para o desenvolvimento do País.
Marianna Ribeiro da Silva, mestranda em letras pela Universidade Federal de Viçosa, enfatizou que é preciso continuar lutando para que a pesquisa seja, de fato, valorizada no Brasil. Ela, que é do Rio Grande do Norte, explica que graças à bolsa da Capes consegue se manter na cidade mineira. Sua pesquisa, conforme conta no vídeo, pode ajudar a sociedade a fazer uma leitura mais crítica e rigorosa dos textos midiáticos a fim de reconhecer os posicionamentos ideológicos e as relações assimétricas de poder existentes nos discursos.
Bruno Pedroso Lima Silva acabou de concluir seu doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina, e reforça o coro contra os cortes: “é preciso reverter esse retrocesso que vem tendo a educação e a ciência brasileira, que são a definição do progresso e do futuro”. Silva explica que em suas pesquisas, tanto no mestrado quanto no doutorado, ele analisou o quanto a filosofia e a tecnologia podem contribuir para a educação a partir de uma visão crítica.
O Grupo de Estudos Moleculares do Câncer, da Divisão de Pesquisa Clínica, do Inca, enviou um vídeo mostrando os pesquisadores com mão na massa no laboratório para ilustrar a importância de seus estudos e o quanto esses cortes podem afetá-los. “Diariamente trabalhamos para descobrir as causas e consequências de alterações genéticas nas leucemias. As leucemias são muito diferentes entre si. Algumas apresentam mais de 80% de chance de cura, enquanto em mais de 50% de outros tipos os pacientes morrem. Além de entender a biologia dos fenômenos ligados à leucemia, nossos resultados de pesquisa servem de plataforma para melhorar o diagnóstico e auxiliar os médicos de diversos centros hospitalares públicos na escolha do tratamento mais adequado para seu paciente. Além disso, estamos inseridos no Programa de Pós-graduação de Oncologia, estimulando o avanço científico, que resulta em avanço econômico”, ressalta. O grupo lamenta ainda que os cortes que vêm ocorrendo nas últimas semanas afetam diretamente a renda mensal dos alunos de graduação, mestrado e doutorado, pós-doutorado e técnicos que são a base de todo o trabalho deles.
A SBPC convida todos os estudantes e pesquisadores, desde a iniciação científica até a pós-graduação, bolsistas e ex-bolsistas, profissionais de todas as áreas e todos os amigos da ciência a participar da campanha #cienciapraqueciencia e compartilhar suas histórias sobre a importância da ciência para suas vidas e para o Brasil. “Vamos inundar o país, as redes sociais, os meios de comunicação com pessoas dizendo por que a ciência é importante, por que ela deve ser apoiada, por que ela não deve ser destruída nesse momento”, conclama o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.
Para participar, basta gravar um breve vídeo, com duração de 30 segundos a um minuto, acessar este link, preencher um breve formulário e seguir as instruções para carregá-lo. O depoimento pode ser gravado em celular mesmo, em alta definição, com o aparelho na horizontal. Mande seu vídeo e demonstre seu apoio à ciência brasileira!
Vivian Costa – Jornal da Ciência