Carolina Bori, renomada psicóloga e educadora, deixou um legado indelével em seus estudantes de pós-graduação. Seu estilo único de orientação e a maneira como coordenava as atividades acadêmicas eram comparáveis à de uma mestra artesã. Isso é o que relata Elizabeth Tunes, e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora associada da Universidade de Brasília (UnB) em artigo para a nova edição da Ciência & Cultura. O número especial celebra o centenário de Carolina Bori, que foi a primeira presidente mulher da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Elizabeth Tunes relembra o início de sua jornada com Carolina Bori, quando a conheceu em outubro de 1971, na Primeira Reunião Anual da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto. A gentileza e o incentivo de Caroline Bori foram determinantes para que Elizabeth Tunes ingressasse no mestrado na USP. “Carolina era extremamente provocativa na proposição de temas e atividades da disciplina. Ela nos incitava à ousadia, pois não há campo que mais requeira de nós um compromisso com a transformação do que o da educação”, diz.
Carolina Bori era conhecida por sua pontualidade e compromisso com as aulas, tanto na graduação quanto na pós-graduação. Elizabeth Tunes, que foi sua monitora na disciplina de Psicologia Experimental, nunca presenciou uma ausência ou atraso da professora. A dedicação de Carolina Bori ia além das salas de aula. Ela promovia um ambiente de comunidade entre seus estudantes, incentivando ações coletivas e ajudando discretamente aqueles que precisavam de apoio. “Carolina se empenhava para que nós, seus estudantes, fortalecêssemos nossos vínculos pessoais, contribuindo para o crescimento de todo o grupo.”
Carolina Bori também encorajava seus alunos a se envolverem em atividades acadêmicas e profissionais, como a organização das Reuniões Anuais da SBPC. Ela promovia cursos, palestras e a participação em eventos científicos, além de apoiar intensivamente projetos propostos por seus alunos. Um exemplo notável foi a edição da revista Psicologia, publicada por treze anos consecutivos graças ao esforço coletivo dos estudantes, sob a orientação de Bori. Como orientadora, Carolina Bori era discreta, iluminando o caminho dos seus orientandos com uma “pequena lanterna”, sem ofuscar sua visão. Ela sabia exatamente quando e o que dizer, e mais importante, sabia ouvir. “Regia suas ações pelo princípio da liberdade e autonomia dos estudantes na condução de suas próprias atividades”, finaliza.
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