Como parte da campanha “Conhecimento sem cortes”, foi inaugurado ontem, 18, durante a 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, o segundo tesourômetro do conhecimento, um grande painel eletrônico instalado na entrada principal do campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais que monitora, em tempo real, os cortes no orçamento da ciência, tecnologia e educação no Brasil. O objetivo do painel é denunciar os cortes e sensibilizar a população sobre as consequências para a qualidade da pesquisa e da educação no Brasil.
A inauguração foi precedida pela mesa de debate “As universidades e os professores diante da crise brasileira” que contou com a participação da presidente da SBPC, Helena Nader, do reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramírez, do ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz e representantes de associações como a Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (AdUFRJ-Seção Sindical), Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (UnB), Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), entre outras.
“Estamos perdendo R$ 500 mil por hora”, declarou Tatiana Roque, presidente da AdUFRJ. Desde 2015 são mais de R$ 11 bilhões em cortes. “O que está acontecendo vai na contramão de tudo o que queremos para o Brasil”, afirmou
Helena Nader, presidente da SBPC. “Estamos colocando nosso futuro em jogo”, disse. Na recente epidemia de Zika, por exemplo, foi formada uma rede de pesquisas fundamental para estabelecer a relação entre o vírus e a microcefalia.
Hoje, no entanto, esta rede está ameaçada pela falta de recursos.
Segundo, Giovane Azevedo, do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizontes, Montes Claros e Ouro Branco, o desinvestimento em ciência e tecnologia representa um rompimento do conceito de seguridade e a prestação de serviços ao cidadão. Para além das enormes dificuldades para a continuidade das pesquisas, esses cortes têm consequências na vida do cidadão.
“Patentes não serão registradas, medicamentos não serão produzidos”, afirmou.“É fundamental chamar a atenção da sociedade para o significado desses cortes”, completou Clelio Campolina, ex-ministro a Ciência, Tecnologia e Inovação.
Além dos tesourômetros, o próximo será instalado na Universidade de Brasília (UnB) no mês de agosto, a campanha “Conhecimento sem cortes” está colhendo assinaturas para elaboração uma petição que será levada para a Câmara dos Deputados em setembro, reivindicando, entre outros, a interrupção dos cortes no orçamento da ciência e tecnologia e a retirada de Educação e Saúde do teto de gastos imposto pela Emenda Constitucional 95. Para assinar basta acessar o site da campanha no endereço: http://www.conhecimentosemcortes.com.br/peticao/. “O momento exige ações na base do Congresso Nacional para tentar reverter esse quadro”, acredita Ildeu Moreira, que vai assumir a presidência da SBPC a partir de agosto. “Temos que mobilizar a comunidade científica, os jovens pesquisadores e, por essa via, a sociedade como um todo. Diante dessa crise tão grave, não podemos nos omitir”.
Patricia Mariuzzo, para o Jornal da Ciência