Além do custo em vidas, a educação também foi fortemente afetada pela pandemia. O coronavírus primeiro obrigou a suspensão das aulas, o que causou danos incalculáveis ao aprendizado e ao processo de socialização das crianças e jovens. Ao mesmo tempo, forçou a disseminação do ensino remoto, cuja adaptação, tanto dos professores quanto dos alunos e das famílias, foi um processo complicado, para dizer o mínimo.
Já no fim de 2020, pressionados por pais e donos de escolas privadas, os governos autorizaram a volta às aulas presenciais. Sem a vacina, as escolas estão buscando adaptar o espaço para evitar a disseminação da doença, com o distanciamento social, higienização e uso de máscaras. Para o arquiteto Sergio Kopinski Ekerman, diretor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA), o que tem sido feito, no entanto, está muito aquém do necessário. “A preparação que as escolas fizeram agora para um retorno híbrido, em geral é aquela coisa de colar adesivo no chão para orientar as filas, carteiras um pouco mais separadas, pregar uma tela na parede, mas essas adaptações são muito precárias e acabam por tornar a escola em um espaço disfuncional.”
A discussão sobre o espaço escolar é antiga, surgiu muito antes da pandemia, ressalta Nelson Pretto, professor titular da Faculdade de Educação da UFBA. “Esse é um debate nosso há muitos anos, porque escola não é um amontoado de salas de aulas. Não era no passado, não é no presente e não será no futuro”, afirmou Pretto. Ele lembra que há décadas os professores pedem redução do número de alunos nas classes e maior conforto ambiental – iluminação natural, ventilação adequada ao clima, acústica.
O professor Eduardo Fleury Mortimer, ex-coordenador do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vê no momento pandêmico mais do que a necessidade de ventilação e distanciamento. Para ele, é uma oportunidade de tirar os alunos do ambiente fechado das salas de aula em direção aos espaços públicos, que seria o ideal para o ensino de questões ligadas à ciência e ao meio ambiente, por exemplo. Será necessário buscar alternativas para a escola tradicional que aloca 40, 50 alunos em grandes estruturas, salas fechadas com ar condicionado e um professor falando o tempo todo lá na frente, opina Mortimer. “Essa escola não cabe em um projeto sanitário”, sentenciou.
Essa é também a opinião da professora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Patrícia Samora. Para ela, a escola tem que ser pensada dentro de um contexto urbanístico saudável do ponto de vista arquitetônico e ambiental, e um empreendimento comunitário do ponto de vista político-pedagógico. “É sobre construir comunidades mais saudáveis, não escolas mais saudáveis”, explicou.
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Janes Rocha – Jornal da Ciência