A destruição promovida pelo governo que se encerra em 2022 atingiu em cheio a Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e Educação, com cortes orçamentários e desmonte de estruturas que há anos garantiam o progresso da pesquisa científica no País.
Nestes últimos anos, a SBPC empenhou todos os seus esforços na tentativa de conter o processo de devastação. Além da mobilização e luta no Parlamento, promoveu debates e manifestações públicas e ofereceu contribuição baseada na ciência e no conhecimento para os candidatos ao Executivo e ao Legislativo.
Uma dessas contribuições foi o Projeto Para Um Brasil Novo, série de conferências realizadas entre março e junho com cientistas, pesquisadores, educadores e especialistas em áreas estratégicas como CT&I, Educação, Cultura, Saúde, Meio Ambiente, Segurança Pública e outras, bem como na inclusão social. Os encontros resultaram em um documento com sugestões de políticas públicas, que foi entregue aos candidatos durante a 74ª Reunião Anual da SBPC, em julho em Brasília.
Na nova edição especial que acaba de subir para o nosso site, o Jornal da Ciência busca olhar adiante, ouvindo pesquisadores e especialistas sobre como a CT&I pode contribuir com o resgate de uma política científica que contribua para a retomada do crescimento do País a curto e médio prazos.
Na reportagem de capa, economistas fazem um balanço das contribuições já dadas pela CT&I e como o setor pode alavancar o crescimento econômico de longo prazo. No entanto, eles alertam para a necessidade de um Norte, um projeto de Nação, um direcionamento no sentido de atender às necessidades do País e às demandas da sociedade.
Uma área bastante afetada nos últimos sete anos foi a cooperação internacional em CT&I que, segundo especialistas, precisa ser reconstruída. Dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) mostram uma queda de 54,41% entre os anos de 2019 e 2022 no orçamento dessa atividade no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
A reportagem traz ainda os estudos recentes sobre a contribuição das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, nas quais mais de 90% da CT&I brasileira é produzida. Fica claro que para além do desenvolvimento educacional, científico e tecnológico, o investimento governamental no ensino superior traz elevados retornos econômico-financeiros para a sociedade.
Ainda sobre as IES, o JC conta como a terceirização dos serviços de Tecnologia de Informação das universidades para as chamadas “big techs” se transformou em uma dor de cabeça, quando a Google decidiu revogar unilateralmente os termos e condições de seus serviços.
Esta edição destaca ainda outros dois aspectos da Educação: ciência básica, com uma reportagem sobre o tema, e inclusão social, com uma entrevista sobre os 20 anos da Lei 10.639, que instituiu a obrigatoriedade do estudo da História e Cultura da África e Afro-brasileira no sistema de ensino nacional.
Embora a frente que ganhou a eleição presidencial tenha se comprometido com o resgate da CT&I, da Educação e da Saúde Pública, a SBPC estará sempre atenta para cobrar promessas e medidas que recuperem a soberania e sustentabilidade do País.
Nossa Diretoria deseja a todos um 2023 repleto de boas novas.
Baixe a nova edição do Jornal da Ciência especial em PDF, gratuitamente neste link e boa leitura!
Renato Janine Ribeiro – presidente
Fernanda Sobral – vice-presidente