A ciência brasileira mostrou capacidade para responder rapidamente a uma emergência sanitária do porte da pandemia de covid-19, porém depende de mais investimentos para desenvolver vacinas e medicamentos. Em 2020, quando a pandemia eclodiu, universidades e centros de pesquisa públicos apresentaram 17 projetos de vacinas nacionais em estágio mais avançado de pesquisas, capazes de conter o avanço do vírus. Destes, apenas quatro estão em fase de testes em humanos e dois devem chegar aos postos de saúde entre o fim de 2024 e início de 2025.
Após anos de má gestão que levaram a milhares de mortes por covid-19, médicos, cientistas e pesquisadores têm grande expectativa com o novo comando do Ministério da Saúde (MS) no que diz respeito ao resgate das coberturas vacinais, e com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para o financiamento da pesquisa científica que possa levar a novas vacinas e medicamentos. Mas o clima é de críticas, cautela e um certo ceticismo.
“O Brasil, infelizmente não investiu como poderia no desenvolvimento de uma vacina própria, investiu pouco, fez investimentos pequenos”, avaliou Jorge Elias Kalil Filho, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Investigação em Imunologia (INCT-III) da Unifesp e coordenador do projeto de desenvolvimento da vacina em spray nasal contra a covid-19, a MultiCovax.
Ricardo Gazzinelli, professor da UFMG, pesquisador Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador do projeto SpiN-Tec MCTI UFMG, ressalta que a vacina desenvolvida por sua equipe obteve os recursos necessários. Mas lamenta as limitações do financiamento à ciência no Brasil como um todo e prefere esperar para ver como a nova equipe vai driblar os obstáculos.
Janes Rocha – Jornal da Ciência