O presidente eleito Jair Bolsonaro concluiu neste domingo a escalação da sua futura Esplanada dos Ministérios, ao indicar um nome para o Ministério do Meio Ambiente. Assim, já são conhecidos os 22 ministros que farão parte da equipe de governo.
O desenho provável da futura Esplanada – com 22 ministérios – foi apresentado a jornalistas pelo futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Abaixo, saiba quem são os 22 nomes confirmados como ministros, além de outros 8 indicados para postos-chave, que vão assumir em janeiro de 2019.
André Luiz de Almeida Mendonça (AGU)
O presidente eleito anunciou no Twitter que Mendonça foi nomeado o novo Advogado Geral da União.
Mendonça já trabalhou na AGU, onde foi Corregedor-Geral, Adjunto do Procurador-Geral da União e Diretor do Departamento de Patrimônio e Probidade, Coordenador de Medidas Disciplinares, Vice-Diretor da Escola da AGU e Procurador-Seccional da União em Londrina.
Atualmente é assessor especial da Controladoria Geral da União (CGU), responsável por coordenar as comissões de negociação dos acordos de leniência no âmbito da CGU.
O advogado é formado pela Faculdade de Direito de Bauru e fez curso sobre corrupção na Universidade de Salamanca, na Espanha.
Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)
O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro quase foi candidato a vice-presidente de Bolsonaro no lugar do general Hamilton Mourão, mas a intenção acabou frustrada por contrariar a estratégia eleitoral do seu partido, o PRP. Em entrevista ao Jornal Nacional logo após o primeiro turno, Bolsonaro chegou a se referir duas vezes ao seu vice erroneamente como “Augusto”.
Heleno, que é general de quatro estrelas (general de Exército, no topo da hierarquia), deve assumir o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), substituindo o general Sérgio Etchegoyen.
O general Heleno se formou na Academia Militar das Agulhas Negras com o primeiro lugar na turma de cavalaria em 1969 – oito anos antes, portanto, que Bolsonaro. Tornou-se conhecido do grande público ao ser nomeado o primeiro comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, cargo que ocupou de 2004 a 2005.
Depois, assumiu, em setembro de 2007, o Comando Militar da Amazônia (CMA), um dos postos mais prestigiosos do Exército. Menos de dois anos depois, porém, foi removido após chamar a política indigenista do governo Lula (2003-2010) de “caótica” e dizer que a demarcação contínua da reserva Raposa-Serra do Sol era uma “ameaça à soberania nacional”.
“Demarcações de terras indígenas baseiam-se em laudos antropológicos forjados. Os índios seguem abandonados e servem como massa de manobra de interesses escusos de ONG estrangeiras”, afirmou, quando já estava aposentado, em entrevista a uma pesquisa da USP.
Encerrou sua carreira no Exército no burocrático Departamento de Ciência e Tecnologia, de onde saiu em 2011. No discurso de despedida, elogiou o golpe militar de 1964 ao se referir à memória do pai, que também serviu às Forças Armadas: “Lutastes, em 1964, contra a comunização do país e me ensinastes a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz”.
Após deixar o Exército, onde chegou a chefiar o Centro de Comunicação Social, enveredou para a área de mídia. Foi consultor de segurança e assuntos militares da TV Bandeirantes e também dirigiu a Comunicação e a Educação Corporativa do Comitê Olímpico Brasileiro.
É apontado como conselheiro de Bolsonaro na área de segurança e, assim como ele, defende que os policiais tenham poder para executar criminosos armados. “Eu vou ter morto sim, mas vou ter morto do lado certo”, afirmou em entrevista a rádio BandNews no início do ano.
Bento Costa Lima Leite (Minas e Energia)
Bento Costa foi o 20º ministro anunciado por Bolsonaro. A indicação foi feita diretamente pelo presidente eleito, em sua conta no Twitter. Bento Costa é militar da Marinha, e ocupa o posto de Almirante de Esquadra. Hoje, Costa é diretor-geral de desenvolvimento nuclear e tecnológico da força.
Em seu último cargo antes de ser indicado ministro, Bento esteve à frente do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e o Programa Nuclear da Marinha (PNM). Costa é pós-graduado em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB) e também concluiu um MBA em gestão pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Carlos von Doellinger (Ipea)
O economista Carlos von Doellinger foi indicado por Paulo Guedes para presidir o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Pesquisador aposentado da instituição e economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), von Doellinger presidiu o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj) e já integra a equipe econômica de transição do futuro governo.
O instituto tem a função de dar suporte técnico ao governo para a formulação e de políticas públicas e programas de desenvolvimento.
Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo)
Gaúcho da cidade de Rio Grande (RS), Carlos Alberto é engenheiro civil de formação e general da reserva do Exército. Enquanto estava na ativa, Carlos Alberto comandou a missão de paz no Haiti, a Minustah, de 2007 a 2009. Também chefiou a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, durante alguns meses no governo de Michel Temer (MDB).
A Secretaria de Governo têm sua estrutura dentro do Palácio do Planalto. Hoje chefiado por Carlos Marum (MDB), o órgão é um dos responsáveis pela fazer a articulação com o Congresso. Hoje, são quatro os ministérios que funcionam dentro do Palácio: Casa Civil, Secretaria-Geral, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Secretaria de Governo.
Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos)
A advogada e pastora evangélica Damares Alves, atualmente assessora do senador Magno Malta (PR-ES), foi confirmada como ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo de Jair Bolsonaro. Sua pasta incluirá também a Funai (Fundação Nacional do Índio) – a decisão contraria a vontade de representantes dos povos indígenas que defendiam a manutenção do órgão no Ministério da Justiça.
O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, justificou a alteração dizendo que Alves é “mãe (adotiva) de uma índia”. Aos jornalistas, a pastora disse que se aproximou do universo indígena ao assessorar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou a Funai em 1999. Questionada sobre declarações de Bolsonaro de que em seu governo não haverá “mais um centímetro” de terras demarcadas, Alves afirmou que “índio não é só terra, índio tem que ser visto como um todo”.
Ressaltou ainda que uma das ações da pasta será evitar a prática cultural de alguns povos de enterrar bebês, por exemplo quando nascem com problemas de saúde. Essa intervenção em tradições culturais, porém, é criticada por antropólogos.
A ministra também afirmou que a pauta LGBT é “muito delicada”, mas que vai dialogar com os movimentos que representam esse grupo. Prometeu também priorizar a infância, mas sem dar detalhes, além de levar direitos humanos para mulheres hoje “invisíveis”. “Será prioridade a mulher ribeirinha, a mulher pescadora, a mulher catadora de siri, a quebradora de coco”, prometeu.
Érika Marena (DRCI)
A delegada federal Érika Mialik Marena assume o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, área responsável pela cooperação com outros países em questões penais.
Atualmente é Superintendente da Polícia Federal em Sergipe.
Marena teve papel importante no início da Lava Jato e foi responsável por cunhar o nome da operação.
Mais recentemente, comandou a operação Ouvidos Moucos, que prendeu o então reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, por suspeita de corrupção. O então reitor, que se dizia inocente, se matou. Mais tarde, reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que o relatório final da PF não apresentou provas de que Cancellier tenha se beneficiado do suposto esquema de desvio de verbas.
Ao anunciar seu nome, Moro foi questionado por jornalistas sobre o episódio. “A delegada tem minha plena confiança. O que aconteceu em Florianópolis foi uma tragédia, algo muito trágico, e toda minha solidariedade aos familiares do reitor, mas foi um infortúnio imprevisto no âmbito de uma investigação, a delegação não tem responsabilidade quanto a isso”, disse o ministro.
Ernesto Araújo (Relações Exteriores)
O embaixador de 51 anos é atualmente diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos.
O embaixador tinha um blog onde expunha suas opiniões contra o PT e elogios a Jair Bolsonaro.
Na descrição de si mesmo, escreveu: “Sou Ernesto Araújo. Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. É um sistema anti-humano e anti-cristão”.
No mesmo blog, escreveu que a causa ambiental foi “pervertida” pela esquerda.
“O climatismo juntou alguns dados que sugeriam uma correlação do aumento de temperaturas com o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, ignorou dados que sugeriam o contrário, e criou um dogma ‘científico’ que ninguém mais pode contestar sob pena de ser excomungado da boa sociedade”, escreveu o novo chanceler.
Em artigo intitulado “Trump e o Ocidente”, publicado na revista de Política Externa do Itamaraty, elogia Donald Trump, que compara a Ronald Reagan e Winston Churchill.
Fernando Azevedo e Silva (Defesa)
O futuro ministro da Defesa do governo Jair Bolsonaro é general da reserva e foi assessor do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.
Foi chefe do Estado-Maior do Exército e esteve à frente da Autoridade Pública Olímpica durante o governo de Dilma Rousseff
Azevedo e Silva também foi chefe da assessoria parlamentar do Comando do Exército de 2003 a 2004.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Azevedo e Silva disse que as Forças Armadas estão “vacinadas” em relação à política. “Estamos muito vocacionados para nossa atividade-fim, que é cumprir o Artigo 142 [defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem].”
Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência)
Advogado de formação, Gustavo Bebianno presidiu o partido de Bolsonaro, o PSL, durante a campanha eleitoral. É considerado uma das pessoas mais próximas do presidente eleito.
A Secretaria-Geral é um dos quatro ministérios atuais cuja estrutura fica dentro do Palácio do Planalto; sua função é auxiliar o presidente da República no relacionamento com a sociedade civil, entre outras tarefas.
Ao ser anunciado como o futuro titular do órgão, Bebianno disse que sua pasta será a responsável por tocar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), criado por Michel Temer, com o objetivo de acelerar privatizações e concessões de serviços públicos (rodovias, aeroportos etc). Bebianno disse ainda que terá como principal tarefa modernizar e desburocratizar o governo.
Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional)
O ministério criado pelo governo Bolsonaro será uma fusão dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional, do qual Canuto é o atual secretário executivo. “Vamos unir as políticas de desenvolvimento regional e urbano. O país tem histórias de desenvolvimento muito diferentes, cada estado tem sua própria cultura e especialidades o ministério vai potencializar essas especialidades”, disse ele em entrevista após o anúncio.
Segundo o futuro ministro, o orçamento da pasta deve ser de R$6 bi a R$8 bi.
Antes de se tornar secretário executivo, foi chefe de gabinete do ministro por dois anos. É servidor efetivo do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, integrante da carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental.
Canuto é formado em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB).
Joaquim Levy (BNDES)
O futuro presidente do BNDES foi nomeado ministro da Fazenda por Dilma Rousseff para seu segundo mandato e anunciado pouco depois de a presidente se reeleger. O cargo era ocupado até então por Guido Mantega.
Levy administrava na época um dos braços do banco Bradesco, o Bradesco Asset Management, e teria sido escolhido depois de o então presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco, ter declinado o convite para o mesmo cargo.
Ex-aluno do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, ele é visto como um adepto do liberalismo econômico, que prega uma menor intervenção do Estado na economia, filosofia criticada por Mantega.
Levy assumiu o ministério de Dilma com a missão de recuperar o quadro econômico do País, quando a inflação rondava o teto de 6,5% estabelecido pelo Banco Central, a economia estava quase estagnada e o governo já admitia que não deveria atingir as metas fiscais.
Doze meses depois, a situação havia piorado, e a economia enfrentava sua pior recessão desde os anos 1990, com um desemprego crescente, inflação de cerca de 10% e uma retração de 3,8% do PIB, o pior resultado em 25 anos.
Levy acabou sendo substituído pelo então titular do Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa. Um mês depois, foi nomeado diretor financeiro do Banco Mundial em Washington, onde estava até agora.
Engenheiro naval de formação, com mestrado e doutorado em economia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, Levy trabalhou no início de sua carreira no Fundo Monetário Internacional e foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Já teve duas outras experiências na gestão pública antes de integrar o governo Dilma. Foi secretário de Fazenda do governo de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, entre 2007 e 2010, e comandou o Tesouro na gestão do ex-ministro Antonio Palocci, de 2003 a 2006, durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Luiz Mandetta (Ministério da Saúde)
O deputado do DEM do Mato Grosso do Sul é ortopedista e foi secretário de Saúde em Campo Grande entre 2005 e 2010, quando saiu para candidatar-se a deputado federal, cargo que ocupa desde então.
Desistiu de concorrer à reeleição em 2018. Médico pediatra, disse em 2013 que a vinda de cubanos para o Mais Médicos era um “navio negreiro do século 21”.
Coube à deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) fazer o anúncio de sua indicação. “O nome dele (Mandetta) já tinha sido ventilado pelo Bolsonaro como possível ministro, na imprensa, há alguns dias. Na semana passada, a Frente Parlamentar da Saúde (FPS) e outras frentes da área se reuniram na Câmara para discutir. Ele tem o apoio das frentes. Tem também o apoio dos hospitais filantrópicos e das entidades médicas”, disse ela à BBC News Brasil, depois do anúncio oficial.
Sul-matogrossense da capital Campo Grande, Mandetta é médico formado pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro (RJ). Em seguida, no começo dos anos 1990, fez residência no serviço de Ortopedia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) – o serviço era chefiado pelo pai dele, o também ortopedista Hélio Mandetta, que foi vice-prefeito de Campo Grande, nos anos 1960. Poucos anos depois, fez uma especialização em ortopedia infantil em Atlanta (EUA). Ainda nos anos 1990, trabalhou durante alguns anos como médico do Exército, no posto de tenente.
Mandetta entrou para a política em 2005, assumindo a Secretaria de Saúde da cidade de Campo Grande, no governo de Nelson Trad Filho (MDB), conhecido como Nelsinho Trad. Antes, de 2001 a 2004, foi presidente da Unimed de Campo Grande. Em 2010, candidatou-se para seu primeiro cargo público, o de deputado federal. Foi eleito com 78,7 mil votos. Já no primeiro ano de mandato foi escolhido por seus pares como presidente da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), uma das mais importantes da Câmara.
Em 2014, reelegeu-se deputado federal com 57,3 mil votos. Naquele ano, o deputado recebeu uma doação de R$ 100 mil da Amil, uma operadora de planos de saúde – o valor representa menos de 5% dos R$ 2,1 milhões que ele declarou ter arrecadado naquele ano.
Politicamente, Mandetta integra o grupo político da futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS). Pesaram na indicação dele os apoios de entidades da área médica e de hospitais filantrópicos, como as Santas Casas, além de deputados ligados à área da saúde e que apoiarão o governo Bolsonaro. Além de Cristina, Mandetta teve o aval do ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Apesar disso, o Democratas trata as indicações como escolhas pessoais de Bolsonaro.
Por conta de seu trabalho como secretário de Saúde de Campo Grande, Mandetta responde a um inquérito que investiga suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois – a investigação gira em torno da implementação de um sistema de prontuário eletrônico. Segundo uma auditoria da Controladoria-Geral da União de 2014, o pagamento foi feito, mas o sistema não foi instalado. Mandetta nega irregularidades.
O futuro ministro comandará a pasta com um dos maiores orçamentos da Esplanada. Em 2019, estarão reservados cerca de R$ 128 bilhões para a Saúde.
Mansueto Almeida (Tesouro)
Atual secretário do Tesouro Nacional do governo Temer, Almeida permanecerá no governo Bolsonaro. Antes de se tornar secretário do Tesouro, ocupava o cargo de secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria do ministério da Fazenda.
É economista licenciado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), especialista em contas públicas, e é visto como alguém com bom conhecimento sobre previdência, área que é um dos principais desafios que o próximo governo enfrentará.
Mansueto defende que é urgente mudar as regras previdenciárias. Sobre impostos, Almeida acha que a carga tributária, hoje equivalente a 30% do Produto Interno Bruto, não deveria aumentar. “Para ele, não há como o país suportar uma elevação da carga tributária sem ter aumento de produtividade. “Teremos de tomar uma decisão difícil, mas que será benéfica a todos”, disse, em seminário do jornal Valor Econômico, em dezembro de 2017.
Nas eleições de 2014, atuou na campanha de Aécio Neves participando da equipe criada pelo economista Arminio Fraga.
É bacharel pela Universidade Federal do Ceará e mestre pela Universidade de São Paulo.
Marcelo Álvaro Antônio (Turismo)
O futuro ministro é deputado federal pelo PSL de Minas Gerais e membro da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara. Está em seu segundo mandato como deputado e tem 44 anos. Antes de se candidatar a deputado federal. foi vereador por Belo Horizonte.
O deputado já foi filiado aos partidos PRP, PMB e PR, antes de chegar ao PSL de Bolsonaro.
Cursou Engenharia Civil em Belo Horizonte, mas não completou o curso.
O anúncio do nome para a pasta do Turismo foi feito por Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil. Segundo ele, o governo considera a área do turismo estratégica por conta do potencial de geração de emprego e renda.
Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia)
O engenheiro e astronauta Marcos Pontes chegou a ser cotado para vice-presidente de Bolsonaro – cargo que acabou ficando com o general Hamilton Mourão.
Sua indicação para o Ministério de Ciência e Tecnologia, porém, há meses ganha força.
Em um vídeo publicado em seu canal no YouTube em abril de 2017, Bolsonaro o apresenta como “colega da Aeronáutica, colega astronauta e motivo de orgulho para o Brasil, que também esteve na Nasa” – e “chegou lá por mérito”.
“E nós carecemos muito de gente com essa visão, né? De ser cientista, de ser pesquisador, no caso dele um astronauta”.
Bolsonaro pergunta então a ele se “país sem tecnologia está condenado a ser escravo de quem a tem”. Como resposta, ouviu um “sem dúvida, aliás, educação, ciência e tecnologia têm importância primordial no desenvolvimento do país”.
Em 19 de outubro, em entrevista ao Jornal da Band, Bolsonaro afirmou que estava na iminência de se acertar com o astronauta para o ministério, destacando que ele “é um conhecedor com profundidade do que acontece na ciência e tecnologia do Brasil, ou melhor, do que não acontece”, além de ser “patriota, ter conhecimento, vontade de mudar as coisas e uma iniciativa muito grande”.
Em 2006, a missão espacial da qual Marcos Pontes participou, ligada à Estação Espacial Internacional, custou ao Brasil US$ 10 milhões, gerando questionamentos de parte dos pesquisadores sobre o valor científico para o país. A saída de Pontes à reserva militar, meses depois, para se dedicar a dar consultorias e palestras e se envolver na política, também despertou críticas.
Bolsonaro teceu elogios ao astronauta em carta à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciências (ABC). O texto apresenta propostas à comunidade científica e acadêmica e reforça que o “engenheiro, que também é astronauta, foi escolhido” (para as funções que já ocupou) por meritocracia e não por “toma lá da cá”.
Bolsonaro afirmou ainda, no texto, que os investimentos do Brasil na área são tímidos, que devem ser estimulados e que o provável novo ministro “tem esse conceito sistemático bem presente nas suas propostas, além de ter ótimas relações internacionais, o que nos traz boas perspectivas de cooperações lucrativas para o país”.
Nascido em São Paulo, em 1963, Marcos Pontes é mestre em Engenharia de Sistemas, engenheiro aeronáutico, piloto de testes de aeronaves e astronauta. Ele entrou na Força Aérea Brasileira em 1981. Em 1998, passou em um concurso público da Agência Espacial Brasileira (AEB) para representar o Brasil na Nasa na função de astronauta. Se tornou o primeiro astronauta brasileiro.
Essa não é sua primeira investida no campo político.
Em 2014, ele foi candidato a deputado federal de São Paulo pelo PSB, mas não foi eleito. Em 2018, era candidato ao cargo de 2º Suplente de São Paulo pelo PSL na coligação São Paulo acima de tudo, Deus acima de todos.
Maurício Valeixo (Polícia Federal)
Escolhido pelo futuro ministro da Justiça Sergio Moro, o delegado é o atual Superintendente da Polícia Federal no Paraná. Foi Diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado de 2015 a 2017. Antes disso, passou dois anos como adido policial na embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos.
Foi responsável pela operação que prendeu o ex-presidente Lula. Também foi na sua gestão que foi fechada a delação premiada de Antônio Palocci com a PF.
A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) divulgou nota felicitando o delegado Maurício Leite Valeixo pela indicação. “Valeixo possui sólida carreira no órgão e reúne todas as condições necessárias à condução da corporação para as missões que se vislumbram, com integração e aproveitamento de todas as virtudes dos servidores, focando na atuação republicana da instituição, livre de interferências políticas e garantindo a autonomia das atividades de investigação e da produção de provas.”
Onyx Lorenzoni (Casa Civil)
Ferrenho opositor do PT na Câmara dos Deputados e apoiador de primeira hora da candidatura de Bolsonaro, o deputado federal reeleito Lorenzoni (DEM-RS) ocupará o cargo de ministro-chefe da Casa Civil no novo governo.
Contrariando a orientação do seu partido, que no primeiro turno apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o parlamentar gaúcho é articulador da campanha do presidente eleito desde 2017. Há cerca de um ano, começou a realizar jantares em sua casa em Brasília a fim de atrair outros parlamentares e construir uma frente suprapartidária de apoio ao capitão reformado.
Lorenzoni, de 64 anos, é médico veterinário e iniciou sua atuação política como dirigente de entidades da categoria no Rio Grande do Sul. Ele é sócio do Hospital Veterinário Lorenzoni onde, por mais de 20 anos, atuou como clínico e cirurgião de pequenos animais.
Após dois mandatos como deputado estadual, chegou em 2003 à Câmara Federal, quando se tornou amigo de Bolsonaro. Chegaram a ser colegas de partido por um período. “É um pouco radical, tem umas ideias de que eu discordo, mas é uma pessoa que respeito. Liderei o Bolsonaro quando fui líder do Democratas em 2008. Comigo, ele foi nota dez”, disse em entrevista de abril de 2017 ao portal Congresso em Foco.
Assim como o novo presidente, o parlamentar batalhou na Câmara pela flexibilização do Estatuto do Desarmamento e pela aprovação do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Defendeu que seu partido não assumisse cargos no governo Michel Temer (MDB), mas a posição acabou vencida.
No final de 2016, ganhou destaque como relator do projeto de lei elaborado pelo Ministério Público que ficou conhecido como Dez Medidas Contra a Corrupção. À sua revelia, a proposta acabou desfigurada no texto final aprovado na Câmara e, depois, empacou no Senado.
Apesar de sua postura incisiva pela moralidade na administração pública e na política, foi citado na delação premiada da JBS como receptor de R$ 200 mil para caixa dois eleitoral. Lorenzoni preferiu admitir que havia recebido recursos não declarados para cobrir gastos de campanha, segundo ele em valor menor, de cerca de R$ 100 mil, mas afirmou que não houve contrapartida a essa doação, nem dinheiro público envolvido.
Após essa revelação, ele tatuou no braço o versículo bíblico: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
“Por que eu tatuei isso? Para nunca mais errar”, disse em entrevista a uma rede de TV de Cachoeira do Sul (RS).
“Entre carregar uma mancha que me macularia pela vida toda, eu resolvi ter uma cicatriz”, acrescentou.
Osmar Terra (Cidadania e Ação Social)
Ex-ministro do Desenvolvimento Social do governo Michel Temer, Terra é deputado federal pelo MDB há cinco mandatos.
A pasta de Cidadania e Ação Social vai juntar os atuais ministérios do Desenvolvimento Social, Esporte e Cultura. Segundo o ministro, também estará sob sua esfera parte da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). Cada área terá um secretário, a ser nomeado.
O programa Bolsa Família, diz o ministro, será mantido, “com foco em geração de emprego e renda”. “A maior vitória de um programa é a redução de pessoas que precisam dele. É isso que vamos trabalhar.”
O ministro disse ainda que sua indicação não veio do MDB, mas foi fruto de um movimento das bancadas temáticas da assistência social, doenças raras, primeira infância, deficiência e idosos do Congresso.
Médico, foi Secretário de Saúde do Rio Grande do Sul. Também foi prefeito de Santa Rosa (RS).
Paulo Guedes (Economia)
O economista liberal Guedes – que ficou conhecido na campanha como “Posto Ipiranga” por ser a referência para qualquer questão econômica levada a Bolsonaro – deve assumir um super-Ministério da Fazenda, previsto para incorporar também as pastas do Planejamento, da Indústria e Comércio, além da secretaria que hoje cuida de concessões e privatizações.
A fusão faz parte da promessa de reduzir o número de ministérios de 29 para 15. Guedes é um fervoroso defensor da redução do tamanho do Estado e promete zerar o rombo das contas da União de mais de R$ 100 bilhões em apenas um ano, com ajuda de um amplo programa de privatizações.
O economista já declarou que gostaria de vender todas as estatais, sem restrições, mas Bolsonaro quer preservar as que considera “estratégicas”, como Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica.
“Mais Brasil e menos Brasília”, resumiu em artigo do ano passado, com críticas à “concentração de poder político e recursos financeiros no governo federal”.
Carioca, nascido em 1949, Guedes deixou o Brasil nos anos 1970 para fazer doutorado sobre política fiscal na Universidade de Chicago (EUA), referência no ensino de economia liberal. De lá saíram os chamados Chicago Boys, grupo de economistas que atuou no governo do ditador chileno Augusto Pinochet (1973-1990).
A convite de um deles, Jorge Selume, Guedes de tornou professor da Universidade do Chile no início dos anos 1980, segundo perfil da revista Piauí.
Logo, porém, retornou ao Brasil, onde desenvolveu carreira no mercado financeiro e na área de educação. Chegou a dar aulas na PUC e na FGV e presidiu o Ibmec, uma escola de negócios. Fundou, em 1983, o banco Pactual, hoje BTG Pactual, do qual já se desligou. Foi sócio de outras gestoras de recursos e hoje é presidente da Bozano Investimentos, posto que deixará para integrar o novo governo.
Segundo jornais brasileiros, o Ministério Público Federal instaurou no início do mês uma investigação para apurar se Guedes teria cometido gestão fraudulenta ao administrar R$ 1 bilhão captado em 2009 junto a fundos de pensão estatais e investido em dois fundos da gestora BR Educacional. A defesa do economista negou qualquer ilegalidade e disse que a investigação “é uma afronta à democracia cujo principal objetivo é o de confundir o eleitor”.
A aproximação com Bolsonaro ocorreu no final de 2017, quando o então pré-candidato subia nas pesquisas, mas ainda estava longe de despontar como favorito. O economista, porém, já enxergava o potencial vitorioso do agora presidente eleito e passou a externar isso em artigos. Os textos atraíram a atenção de Bolsonaro, que precisava de um interlocutor para conquistar a confiança do mercado financeiro – a estratégia funcionou.
Pedro Guimarães (Caixa Econômica Federal)
O escolhido para presidir o banco agente das políticas públicas do governo federal é PhD em Economia pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, com especialização em privatizações, tem experiência no mercado financeiro, com passagem por instituições como os bancos Bozano, Simonsen; BTG Pacutal e Brasil Plural.
Ricardo de Aquino Salles (Meio Ambiente)
Último integrante da Esplanada dos Ministérios a ser anunciado por Bolsonaro, em 9 de dezembro, o advogado Ricardo de Aquino Salles foi secretário de Meio Ambiente do governo de São Paulo no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). É também um dos criadores do movimento de direita Endireita Brasil. Nas eleições 2018, Salles concorreu a deputado federal pelo Partido Novo, mas não se elegeu.
“Vamos preservar o meio ambiente sem ideologia e com muita razoabilidade”, disse Salles, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo após Bolsonaro indicar seu nome ao cargo.
Em um post no seu blog em setembro, Salles escreveu: “O meio ambiente é uma pauta que foi sequestrada pela esquerda no Brasil e no mundo. No entanto, a preservação da natureza tem muito mais a ver com a direita do que com a esquerda”. A seguir, Salles elogiou sua atuação no governo Alckmin, afirmando que “defendeu o meio ambiente sem ceder às pressões ideológicas de grupos esquerdistas”.
Durante a campanha presidencial, a própria existência do Ministério do Meio Ambiente havia sido posta em xeque por Bolsonaro, que prometera fundir a pasta com o Ministério da Agricultura. Segundo o então candidato, isso colocaria “um fim na indústria das multas, bem como leva harmonia ao campo”.
Porém, após a eleição, a ideia repercutiu mal tanto entre ambientalistas como entre ruralistas (pois poderia prejudicar as vendas do agronegócio para o exterior, uma vez que há pressão internacional por preservação ambiental). Então, Bolsonaro voltou atrás. Em 1º de dezembro, em entrevistas para televisões católicas, declarou: “Serão dois ministérios distintos, mas com uma pessoa voltada para a defesa do meio ambiente sem o caráter xiita, como feito nos últimos governos”.
Ricardo Vélez Rodríguez (Educação)
O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou no Twitter que o novo ministro da Educação será o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, filósofo e professor emérito da Escola de Comando e estado Maior do Exército.
Seu currículo acadêmico na plataforma Lattes diz que o futuro ministro tem graduação em filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana (1964), graduação em teologia pelo Seminário Conciliar de Bogotá (1967), mestrado em filosofia pela PUC-Rio (1974), doutorado em filosofia pela Universidade Gama Filho (1982) e pós-doutorado pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, Paris.
Em um blog de sua autoria, Rodríguez diz ter sido indicado pelo escritor de direita Olavo de Carvalho.
“Aceitei a indicação movido unicamente por um motivo: tornar realidade, no terreno do MEC, a proposta de governo externada pelo candidato Jair Bolsonaro, de ‘Mais Brasil, menos Brasília’.”
No texto, Rodríguez descreve assim seu plano para a educação: “recolocar o sistema de ensino básico e fundamental a serviço das pessoas e não como opção burocrática sobranceira aos interesses dos cidadãos, para perpetuar uma casta que se enquistou no poder e que pretendia fazer, das Instituições Republicanas, instrumentos para a sua hegemonia política”.
Diz ainda que, nos último anos, os brasileiros viveram “reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de ‘revolução cultural gramsciana’, com toda a coorte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do ‘nós contra eles’ e uma reescrita da história em função dos interesses dos denominados ‘intelectuais orgânicos’, destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do patriotismo”.
Roberto Campos Neto (Banco Central)
O indicado é neto de Roberto Campos (1917-2001), importante economista liberal que foi ministro durante a ditadura militar. Tem 49 anos e é diretor do banco Santander, responsável pela tesouraria. É especialista em finanças pela Universidade da Califórnia.
Seu nome será levado ao Senado, que tem a atribuição de aprovar a indicação.
Trabalhou no Banco Bozano Simonsen de 1996 a 1999. De 2000 a 2003, trabalhou como chefe da área de Renda Fixa Internacional no Santander Brasil. Em 2004, ocupou a posição de Gerente de Carteiras na Claritas. Voltou ao Santander Brasil em 2005 como Operador e em 2006 foi Chefe do Setor de Trading. Em 2010, passou a ser responsável pela área de Proprietária de Tesouraria e Formador de Mercado Regional & Internacional.
O Banco Central é o responsável, entre outras atribuições, pelo controle da inflação no País. Cabe a ele conduzir as políticas monetária, cambial, de crédito, e de relações financeiras com o exterior; a regulação e da supervisão do Sistema Financeiro Nacional; a administração do Sistema de Pagamentos Brasileiro e os serviços do meio circulante.
Roberto Castello Branco (Petrobras)
Roberto Castello Branco foi indicado pelo futuro ministro Paulo Guedes. Atualmente é diretor no Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas.
O atual presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, permanece no comando da estatal até a nomeação do novo presidente.
Castello Branco doutor em economia pela FGV e tem pós-doutorado pela Universidade de Chicago. Foi Professor da FGV, presidente executivo do Ibmec, diretor do Banco Central, diretor executivo de instituições financeiras e diretor e economista chefe da Vale S.A..
Fez parte do Conselho de Administração da Petrobras e desenvolveu projetos de pesquisa na área de petróleo e gás.
Segundo seu currículo no site da FGV, também participou de conselhos de entidades de classe ligadas ao mercado de capitais, mineração, comércio internacional e investimento direto estrangeiro, e membro do Conselho Curador da Fundação Getulio Vargas.
É autor do livro “Crescimento acelerado e o mercado de trabalho: a experiência brasileira”.
Rubem Novaes (Banco do Brasil)
PhD em Economia pela Universidade de Chicago, foi professor da Fundação Getúlio Vargas, diretor do BNDES e presidente do Sebrae.
É autor do livro “Investimentos Estrangeiros no Brasil: Uma Análise Econômica” e colaborador do Instituto Liberal-RJ.
Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública)
O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba era responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava Jato até aceitar o convite de Jair Bolsonaro para o governo. Com isso terá que deixar seu cargo no Judiciário.
Um dia após ser eleito, Bolsonaro disse que gostaria de ter Moro no Ministério da Justiça ou de indicá-lo para o Supremo Tribunal Federal (STF).
A vaga no Supremo, no entanto, depende da saída de atuais ministros – o que deve acontecer em 2020, quando o ministro Celso de Mello completar 75 anos e se aposentar compulsoriamente. No ano seguinte outra vaga se abrirá com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello.
Em uma entrevista em 2016 ao jornal o Estado de S. Paulo, Moro dissera que jamais entraria para a política.
Segundo o próprio juiz, o que o fez aceitar se desligar do Judiciário e virar ministro foi a “a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado” no Executivo.
Em suas primeiras declarações após aceitar o convite de Bolsonaro, Moro indicou que sua primeira medida será encaminhar ao Congresso, já no início de 2019, um pacote de propostas de novas leis anticorrupção.
A ideia é resgatar parte do que ficou conhecido como Dez Medidas Contra a Corrupção – pacote que foi desfigurado na Câmara dos Deputados em 2016 e acabou empacado no Senado – e aproveitar também algumas sugestões reunidas no livro Novas Medidas Contra a Corrupção, elaborado pela Transparência Internacional e a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Com a reunificação dos ministérios da Justiça e da Segurança Pública, áreas que foram divididas pelo presidente Michel Temer, a Polícia Federal ficará subordinada à pasta de Sergio Moro. Bolsonaro já garantiu que o futuro ministro terá autonomia para definir o diretor geral da instituição e os superintendentes.
Moro terá sob sua responsabilidade a crise da segurança pública, demarcação de terras indígenas e o tratamento de imigrantes e refugiados, o que inclui a tensão envolvendo venezuelanos que ingressam em Roraima. Um grande desafio, portanto, será como conciliar tudo.
As primeiras declarações de Moro sinalizam que o combate ao crime organizado será prioridade ao lado da corrupção. Nesse campo, sua propostas também passam por projetos de lei, por exemplo para regulamentar o uso de “policiais disfarçados para descobrir crimes, (…) por exemplo comprando grandes carregamentos de drogas e armas”.
“Pretendo utilizar forças-tarefas não só contra esquema de corrupção, mas contra o crime organizado. Nova York, na década de 1980, combateu cinco famílias poderosas por meio da criação de forças tarefas”, defendeu também na coletiva de imprensa.
Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura)
Na tarde desta terça-feira, Jair Bolsonaro anunciou em sua conta na rede social Twitter a escolha de Tarcísio Gomes de Freitas para chefiar o ministério da Infraestrutura – a pasta não existe ainda no organograma da Esplanada, e será criada a partir da junção do Ministério dos Transportes com outros órgãos.
Tarcísio é engenheiro civil formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), e possui pós-graduação em gerenciamento de projetos e engenharia de transportes. Hoje, trabalha como consultor legislativo da Câmara dos Deputados – é responsável por avaliar e escrever análises sobre projetos de lei e outras matérias que tramitam na Casa.
Antes de ocupar seu posto atual, foi diretor-executivo e depois diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Também atuou como engenheiro ca Companhia de Engenharia Brasileira na missão de paz da ONU no Haiti (Minustah).
Tereza Cristina (Agricultura)
A futura ministra da Agricultura é voz forte da Frente Parlamentar da Agropecuária, conhecida como bancada ruralista, da Câmara. É deputada federal pelo DEM do Mato Grosso do Sul e começou seu primeiro mandato em 2015. É engenheira agrônoma e teve cargos em governos do seu estado.
Defendeu a PEC 125, que propunha uma mudança na Constituição para tirar da União e passar para o Congresso a competência para demarcar terras indígenas. O projeto não avançou.
Presidiu a comissão onde foi aprovado o projeto de lei batizado pela oposição de “PL do Veneno “, que tramita na Câmara. Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o projeto de lei põe Brasil na contramão da Europa na questão do uso de agrotóxicos.
O projeto dá mais poderes ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para realizar a avaliação toxicológica das substâncias e aprovação do seu uso, diminuindo as competências de controle e fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no processo.
Wagner do Rosário (CGU)
Rosário segue como ministro da Transparência e Controladoria-Geral da União, cargo que ocupa desde 13 de junho de 2018.
Funcionário de carreira da CGU e militar, é em Ciências Militares pela Academia das Agulhas Negras e mestre em Combate à Corrupção e Estado de Direito pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Também já atuou como Oficial do Exército.
É auditor Federal de Finanças e Controle desde 2009. No órgão, trabalhou em área responsável por investigações conjuntas de combate à corrupção, em articulação com a Polícia Federal, ministérios públicos (Federal e Estadual) e demais órgãos de defesa do Estado.