Oitenta e cinco personalidades da ciência, tecnologia e inovação receberam, nesta quarta-feira (17), honrarias referentes à Ordem Nacional do Mérito Científico. Dentre pesquisadores, professores e dirigentes de entidades, a vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professora do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Vanderlan da Silva Bolzani, foi uma das homenageadas. Os conselheiros da entidade, Glaucius Oliva, Rubens Belfort Mattos Junior e Carlos Alexandre Netto, também foram agraciados. A solenidade aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília.
Trata-se da mais importante condecoração na área científica e tecnológica do País. Instituída em 1993, a honraria reconhece cientistas e personalidades, nacionais e estrangeiros, por darem grandes contribuições ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia.
Bolzani dedica-se há mais de 40 anos ao desenvolvimento de pesquisas em química de produtos naturais e química medicinal de produtos naturais. Formada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 1973 e doutora (1982) em química orgânica pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), a cientista tem uma extensa experiência em parcerias científicas internacionais: da Universidade Estadual da Virgínia (EUA), à Universidade de Queensland, Universidade de Manchester e a Université Pierre et Marie Curie, Paris VI, na França, onde foi professora visitante em 2011 e 2012. Entre 2008 e 2010 presidiu a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e tornou-se a primeira mulher a exercer a presidência desta Sociedade. Desde 2015 é vice-presidente da SBPC, reeleita em 2017 por mais um mandato. Fellow da Royal Society of Chemistry desde 2009, tornou-se membro da Academia Brasileira de Ciências e Academia de Ciências do Estado de São Paulo em 2011 e em 2013 torna-se membro titular da Academia de Ciências para os Países em Desenvolvimento (TWAS).
A vice-presidente da SBPC ressaltou a relevância da honraria como um reconhecimento do seu trabalho na área de química de produtos naturais. “Fiquei feliz em estar incluída no time de ganhadores desta honraria, a mais importante homenagem que um cientista brasileiro recebe do Estado Brasileiro. É sempre muito bom ser premiada pelo trabalho que desenvolvemos. Num país ainda com um sistema de de ciência e tecnologia recente e em continuo processo de consolidação, o reconhecimento é motivo de orgulho e de incentivo para os mais jovens. Outro dado importante é que a premiação é benéfica na medida em que demonstra a importância de termos uma ciência robusta e para isto os investimentos devem ser prioridade de estado. Ser reconhecida é motivo de alegria para todos nós”, afirma Bolzani.
Para ela, a homenagem pode também servir de exemplo para outros pesquisadores e professores. “Quando você é reconhecido por trabalho e mérito, encoraja outros pesquisadores a continuarem trabalhando para no futuro eles também serem reconhecidos. Temos que ser exemplos positivos para os mais jovens”, comenta. E completa, “quanto maior o número de pessoas envolvidas em educação, ciência, tecnologia e inovação, mais o país se desenvolverá. Na minha concepção, essa é a única maneira que existe para tornar o país cada vez melhor. Acredito que educação e ciência de excelência são pilares para o desenvolvimento tecnológico e inovação. Mas, infelizmente, isso tem faltado no Brasil. Já avançamos muito, uma vez que a nossa ciência é recente, mas precisamos avançar mais para não ficarmos para trás. É preciso investir maciçamente em educação e ciência, senão não teremos um futuro porque não seremos capazes de competir neste mundo global cada vez mais competitivo”, afirma.
Processo de escolha
Os condecorados deste ano foram escolhidos por uma comissão técnica constituída por nove membros designados pelo chanceler, pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela SBPC. O grupo selecionou pesquisadores nas áreas de ciências biológicas, biomédicas, da terra, agrárias, química, matemática, da saúde, sociais e humanas, tecnológicas e engenharias.
Há ainda as categorias personalidades nacionais ou estrangeiras, destinadas a premiar pessoas que, embora não sejam cientistas, tenham contribuído para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no Brasil.
Os membros da Ordem receberam diploma e um conjunto de peças que compõem as insígnias, que podem ser dos graus Grã-Cruz e Comendador. A Ordem Nacional do Mérito Científico e Tecnológico também concedeu medalha de prata a órgãos e entidades públicas e privadas que tenham prestado serviço de relevância no campo da ciência, tecnologia e inovação.
Os membros da Ordem recebem diploma e um conjunto de peças que compõem as insígnias, que podem ser dos graus Grã-Cruz e Comendador. A Ordem Nacional do Mérito Científico e Tecnológico também concede medalha de prata a órgãos e entidades públicas e privadas que tenham prestado serviço de relevância no campo da ciência, tecnologia e inovação.
Veja aqui e aqui todos os agraciados com a Ordem do Mérito Científico de 2018.
Vivian Costa – Jornal da Ciência