Instituto dos beagles anuncia fechamento

Em entrevista à edição do jornal Folha de S. Paulo, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), se manifestou sobre o fechamento do Instituto Royal, invadido no mês passado por ativistas, que levaram 178 cães da raça beagle que eram usados em pesquisas. Para ela, o fechamento representa “um dia de luto para a ciência”. De acordo com ela, os prejuízos para o Brasil são “incalculáveis”, pois o país perde o único laboratório credenciado e capacitado para análise de medicamentos antes da aplicação em humanos.

Alegando prejuízo depois de invasão, Royal encerra unidade em São Roque

O Instituto Royal, invadido no mês passado por ativistas que resgataram 178 cães da raça beagle que eram usados em pesquisas, anunciou ontem que vai fechar sua unidade em São Roque (SP).

Em nota, o laboratório informou que encerra suas atividades de pesquisas com animais após ter sofrido “elevadas e irreparáveis perdas”.

A invasão, diz, prejudicou uma década de pesquisas ao destruir materiais de estudos, inclusive de testes de remédios contra o câncer, diabetes, hipertensão e epilepsia. O instituto afirma que não fazia testes de cosméticos.

A retirada dos beagles ocorreu após ativistas relatarem que os animais eram maltratados durante as experiências feitas no laboratório, o que o instituto nega.

Membros de movimentos de defesa dos animais comemoraram a decisão do Royal. Dizem que continuarão pressionando contra esses testes.

Já a principal congregação de cientistas do Brasil, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), disse que o ato é “um luto para a ciência”. A presidente da entidade, Helena Nader, declarou que os prejuízos para o Brasil são “incalculáveis”.

Segundo ela, o país perde o único laboratório credenciado e capacitado para análise de medicamentos antes da aplicação em humanos.

“O instituto não recebeu apoio logístico e de segurança, teve a produção de anos destruída e a propriedade invadida. Cientistas sérios estão sendo chamados de bandidos e me sinto como se estive na ditadura com algumas posturas políticas. É um dia de luto para a ciência”, disse.

“Vamos fazer uma reunião de emergência para ver como resolver o problema dos testes de medicamentos, como montar outro laboratório. Remédios distribuídos pelo SUS passam antes por uma fase de análise em animais.”

O Royal afirma que tomará “providências” para que os animais que restaram no instituto tenham “tratamento e destinação adequados”. Diz que todos os 85 funcionários serão demitidos, entre eles médicos veterinários, biólogos, farmacêuticos e corpo técnico.

Por enquanto, a unidade Genotox, de Porto Alegre (RS), que não faz experimentação animal, não será afetada.

BATALHA

A ex-apresentadora e ativista Luisa Mell, que participou da ação de retira dos beagles, afirmou que os defensores dos animais “estão felizes”, mas que ainda é preciso investigar o Royal.

“Foi a vitória de uma batalha, mas a luta é muito grande. Vamos seguir nos protestos contra o uso de animais em pesquisas e no ensino.”

Ela afirma que os ativistas também querem a conclusão das investigações sobre as “barbaridades que aconteceram no instituto.”

(Jairo Marques/ Folha de S.Paulo) – http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/137809-instituto-dos-beagles-anuncia-fechamento.shtml