Comemorando 25 anos de instituição, a Fundação Péter Murányi entregou, no dia 25 de abril em São Paulo, os prêmios para os vencedores da 22ª edição do Prêmio Péter Murányi, sob o tema Ciência e Tecnologia, com a presença de pesquisadores, representantes de governo e entidades científicas, entre eles, Claudia Linhares Sales e Marimélia Porcionatto, diretoras da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). No total a instituição, que é sócia institucional da SBPC, distribuiu R$ 250 mil para três invenções que incluem um nanoscópio desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um reator sustentável, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o uso de Inteligência Artificial para reduzir a evasão escolar, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
O primeiro colocado no prêmio, agraciado com R$200 mil, foi o projeto coordenado pelos professores Ado Jorio Vasconcelos e Luiz Gustavo de Oliveira Lopes Cançado, do Departamento de Física da UFMG. A equipe desenvolveu um nanoscópio usado para estudar materiais como grafeno e biocarvão. O desenvolvimento tecnológico permitiu obter um resultado científico que foi tema de capa da revista científica Nature, em 2021, recebeu patente e foi exportado pela empresa Fábrica de Nano Soluções (FabNS), startup criada por egressos da pós-graduação, para a Alemanha.
Cançado destacou a interação entre a academia e a indústria de tecnologias. “A principal contribuição que vejo foi a formação da equipe técnica que desenvolveu o equipamento, e que hoje são empreendedores sócios da startup FabNS, que fabrica e comercializa o nanoscópio. O País precisa de gente capaz de realizar esse tipo de atividade, que entrega à sociedade os avanços alcançados na academia”, disse o pesquisador, que é coordenador adjunto de programas profissionais da área de Astronomia/Física junto à Capes.
A segunda colocação ficou com Claudia Longo, do Instituto de Química da Unicamp, e sua equipe. Foram dados R$30 mil pela produção de um reator sustentável que pode ser usado para retirar substâncias contaminantes da água. Um exemplo é a amoxicilina, antibiótico largamente utilizado na pandemia da COVID-19 e encontrado, por exemplo, em rios. Já o terceiro colocado recebeu R$20 mil por uma solução de baixo custo com base em inteligência artificial para identificar estudantes em situação potencial de abandono escolar e mapear os motivos para isso. Segundo Leonardo Souza, professor adjunto da UFSB, o uso da tecnologia reduziu pela metade a evasão nos testes executados em duas cidades da Bahia.
Sobre o prêmio
O Prêmio Péter Muranyi tem quatro áreas temáticas, que se revezam a cada ano na seguinte ordem desde o início, em 2002: Saúde, Ciência e Tecnologia, Alimentação e Educação. São distribuídos R$250 mil na soma das premiações para os três finalistas, além de certificado e troféu. Nesta edição foram avaliados 144 trabalhos, oriundos de 107 instituições de todo Brasil, cabendo a classificação à um Juri de 56 profissionais e personalidades de diferentes áreas de atuação e estados brasileiros.
A Comissão Técnica e Científica da premiação, composta pelos professores Lucindo José Quintans Júnior, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Luiz Eugênio Mello, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Oswaldo de Siqueira, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), e Marco Antonio Bego, da Universidade de São Paulo (USP), escolheu os finalistas.
Fundação Péter Murányi
A Fundação Péter Murányi foi criada em 1999, sob idealização do empresário e filantropo Péter Murányi, com o objetivo de reconhecer trabalhos que viabilizem, de forma prática e inovadora, a melhoria da qualidade de vida das populações de países em desenvolvimento.
Neste ano de 2024, está completando 25 anos de sólida existência, tendo iniciado em 2002 a entrega do Prêmio homônimo, que já conta com 22 edições, tendo entregado mais de 4 milhões de reais aos premiados, sempre pessoas físicas. Realizado anualmente, completou cinco ciclos de premiação, alternando os temas Saúde, Ciência & Tecnologia, Alimentação e Educação.
Jornal da Ciência