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Sapato ecológico é confeccionado com borracha de seringueiros do AC

Foi durante a 66ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que a estudantes de engenharia floresta Eliza Nayonara, de 21 anos, conheceu os sapatos da empresa Vert, uma marca francesa de tênis sustentável que utiliza desde 2007 a borracha nativa de seringueiros do Acre na fabricação.O preço do calçado varia entre R$ 129 a R$ 550, dependendo do modelo.
Marca francesa produz 120 mil pares de sapatos sustentáveis por ano.Cooperativa de seringueiros do AC vende borracha a R$ 8,50 o quilo. 
Foi durante a 66ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que a estudantes de engenharia floresta Eliza Nayonara, de 21 anos, conheceu os sapatos da empresa Vert, uma marca francesa de tênis sustentável que utiliza desde 2007 a borracha nativa de seringueiros do Acre na fabricação.O preço do calçado varia entre R$ 129 a R$ 550, dependendo do modelo.
“Estava tendo um sorteio do tênis da SBPC e eu não ganhei, mas me apaixonei pelo sapato e decidi comprar pela internet. Em uma semana recebi o produto. Eles mandam até uma cartinha escrita à mão, agradecendo, é um diferencial”, conta Eliza.
Foi justamente a proposta ecológica do sapato que encantou a estudante. “Achei legal por causa da ideia da sustentabilidade e da valorização da borracha do seringal. Eles pagam um preço justo para essas comunidades”, diz.
A marca foi criada após os empresários franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp deixarem seus empregos e partirem em uma viagem ao mundo, em 2003, estudando projetos de sustentabilidade. François conta que na viagem ficou decepcionado com os projetos de grandes empresas e motivados a montar um negócio voltado para a sustentabilidade.
“Somos apaixonados por tênis desde a adolescência, e achamos um produto simbólico para trabalhar de forma sustentável. O objetivo da marca é ter um impacto positivo, tanto na economia, na sociedade, e no meio ambiente. É o famoso tripé da sustentabilidade”, diz.
Desde o inicio a empresa trabalha com a borracha nativa, mas foi apenas em 2007 que eles conheceram o trabalho que os seringueiros acreanos produziam através da técnica do FDL (Folha Defumada Liquida). “É um projeto que envolve vários parceiros, a Vert é a ponta comercial, que permite ao ecossistema do FDL de funcionar”, explica.
Ao todo, são três associações de seringueiros que têm contrato com a empresa, sendo uma em Assis Brasil (Amopreab, com seringueiros da Reserva Chico Mendes) e duas de Feijó (Comunidades do Parque da Cigana e do Curralinho). O empresário explica que, diferente do mercado convencional, onde o preço de venda esta sujeito a uma especulação dos intermediários, o contrato com as associações estabelece para cada ano o preço e a quantidade que as duas partes envolvidas se comprometem a comprar e fornecer.
“O seringueiro está produzindo já sabendo a quanto vai vender a sua borracha. Os preços são negociados com as associações, em reuniões em que participam todos os produtores. Na última reunião, foi decidido coletivamente um aumento do preço da borracha. Passou de R$ 7,00 para R$ 8,50 por kg de borracha. O preço deve ser atraente para o seringueiro, para ser uma alternativa viável ao desmatamento”, diz.
Além de ser considerada como uma matéria prima fantástica, a borracha nativa é vista pelo empresário como uma forma essencial à produção devido a visão ecológica da marca. “Não acreditamos numa visão romântica da ecologia, mas sim numa visão pragmática, aonde a iniciativa privada pode ser uma parte da solução, valorizando economicamente os produtos que têm um maior valor agregado ambiental. Claro que isso só é possível em parceria com terceiro setor e setor público. Nosso objetivo além de calçar bem os cidadãos do mundo, é de mostrar que é possível mudar o mundo com uma empresa”, acredita Morillion.
A Vert conta, atualmente, com uma produção anual de 120.000 pares e presença em 36 países. A equipe é multicultural e está espalhada entre Paris, Berlin, Milão, Rio Branco, Fortaleza, Novo Hamburgo, Rio de Janeiro e São Paulo. Lojas em São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas e Recife, entre outras, comercializam a marca no Brasil.
Além de usar a borracha nativa para a produção dos sapatos, também são utilizados algodão orgânico cultivado, sem insumo químico nem agrotóxicos, por associações de agricultores familiares do Semiárido Brasileiro e couro curtido com extrato vegetal.