O governo do Distrito Federal, cumprindo diretrizes do Plano Diretor, pediu a devolução de 10% do terreno ocupado pela Embrapa Cerrados, em Planaltina, para um programa de moradia popular. Em troca, ofereceu ampliação e legalização de áreas.
A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, afirma que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) não pode aceitar a troca, por ser prejudicial às pesquisas em andamento. “Não é apenas 10%. Naquele pedaço está a pesquisa de campo. Então, [aceitar a troca] é virar as costas, é ser leviano”, disse. Para Helena Nader, existe um desconhecimento sobre a importância da Embrapa para a produção agrícola brasileira.
O deputado Izalci (PSDB-DF) organizou uma lista com 280 assinaturas para pedir ao governo Federal que impeça a remoção da Embrapa Cerrados. Segundo ele, a instituição está no local há mais de 30 anos e a ocupação urbana da área será problemática:
“Tirando a Embrapa, você ainda cria problemas ambientais seriíssimos como a proteção da água. Então, é ruim em todos os aspectos. Realmente é uma coisa absurda a gente imaginar a possibilidade de isso acontecer”.
Para o deputado Zé Geraldo (PT-PA), um dos autores de um requerimento para debater o assunto na Câmara, os profissionais da Embrapa podem estar achando ruim o fato de que os terrenos oferecidos estão localizados em uma região mais distante:
“O governo do DF está propondo doar áreas muito maiores do que aquela para se desenvolver o trabalho da Embrapa. E aquela área é muito interessante para o governo para um programa muito importante de habitação urbana, tão necessário para os grandes centros”.
O deputado Zé Geraldo é integrante da Comissão de Desenvolvimento Urbano, da Câmara, que deve ouvir o ministro da Agricultura, Neri Geller, sobre o assunto nos próximos dias.