Cientista mostra benefícios da melatonina como anti-inflamatório

A melatonina, hormônio do sono que regula o relógio biológico e tem múltiplas funções benéficas para o organismo, vem se confirmando com mais uma virtude: exerce também o papel de agente anti-inflamatório. A informação é da cientista Regina Pekelmann Markus, professora titular de Fisiologia da Universidade de São Paulo, que proferiu a palestra “Melatonina e a marcação do escuro na saúde e na doença”, nesta quarta-feira, 15/07, durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Carlos, interior paulista.
Regina Markus, da USP, espera que a Anvisa volte a liberar o uso do hormônio que tem múltiplas funções benéficas para o organismo 
A melatonina, hormônio do sono que regula o relógio biológico e tem múltiplas funções benéficas para o organismo, vem se confirmando com mais uma virtude: exerce também o papel de agente anti-inflamatório. A informação é da cientista Regina Pekelmann Markus, professora titular de Fisiologia da Universidade de São Paulo, que proferiu a palestra “Melatonina e a marcação do escuro na saúde e na doença”, nesta quarta-feira, 15/07, durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Carlos, interior paulista. 
A cientista, membro do comitê de nominação da International Union for Pharmacology (IUPHAR) e conselheira da SBPC, atua na área de cronofarmacologia com ênfase no papel da melatonina sobre a resposta inflamatória. Ela explicou os benefícios da melatonina e disse que seu pico de produção ocorre durante a noite, em resposta à escuridão, motivo pelo qual é chamada hormônio do escuro. 
Estudos revelam que a melatonina atua como um relógio biológico, mostrando ao corpo quando é dia e quando é noite. Na presença de luz, é enviada uma mensagem neuroendócrina bloqueando a sua formação.
Conforme Regina, há estudos que mostram, ainda, a presença de melatonina em vegetais, fazendo um processo de produção semelhante ao dos seres humanos.
Pesquisas em ação 
Recentemente, Regina Markus realizou, juntamente com sua equipe, estudos relacionados à melatonina e que foram publicados no Faseb Journal. O objetivo desses estudos é pesquisar os efeitos da melatonina e tentar compreender como um processo inflamatório interfere na produção de melatonina e como as variações na secreção do hormônio influenciam a inflamação. A intenção é identificar alvos específicos sobre quais compostos, já existentes ou a serem desenvolvidos, possam agir e evitar os danos indesejáveis da inflamação persistente. 
De acordo com a cientista, a inflamação é um processo de defesa do corpo e pacientes com Alzheimer, por exemplo, tem “zero” presença de melatonina. Disse ainda que pessoas doentes reduzem drasticamente a produção do hormônio.
Conforme a pesquisadora, há várias doenças que têm como origem a resposta inflamatória não resolvida. Dentre elas, artrite, câncer e diabetes, sobre as quais a ciência ainda se debruça para buscar uma resposta inflamatória bem sucedida.
Desde a década de 1990, pesquisadores já afirmavam que a melatonina funciona como um importante agente anti-inflamatório. 
No Brasil existem vários grupos que estudam os efeitos da melatonina nas áreas médica, biológica e evolutiva, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo.
Uso vetado pela Anvisa
Apesar de ser gerada naturalmente pelo organismo humano, o uso da melatonina produzida em laboratório é vetado no Brasil pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). A perspectiva dos cientistas, porém, é que a Anvisa reveja essa decisão. 
“Existem muitos médicos receitando o uso de melatonina e há muitos grupos tentando reverter a decisão da Anvisa”, disse Regina, ao esclarecer, em sua palestra, questionamentos de estudantes de medicina e de pesquisadores.
“Acredito que nos próximos dois ou três anos vamos romper com essa barreira, e voltar a usar a melatonina regularmente”, estimou a cientista, doutora em Farmacologia pela Escola Paulista de Medicina.
Regina Markus esclarece, porém, que o uso da melatonina requer bastante cuidado. “É preciso supervisão médica ou pelo menos se ter conhecimento de causa”, disse.  
(Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência)