América Latina: integração e democracia

A estratégia de integração econômica deve estar aliada a mecanismos de salvaguarda da democracia, aponta artigo da nova edição da Ciência & Cultura

A utopia de integração da América Latina vem do século 19, após o êxito dos movimentos independentistas, com a proclamação de repúblicas soberanas, com exceção do Brasil imperial. Conflitos internos e externos têm impedido esta movimentação integracionista, desde então. Isso é o que discute artigo da nova edição da revista Ciência & Cultura, que tem como tema “América Latina: Integração e Democracia”.

Por meio de múltiplos Tratados e Acordos, a América Latina e o Caribe têm aumentado seus raios de ação. A conjuntura aponta para uma recuperação de certos setores, como o turismo e os serviços em geral, mas ainda não indicam solidez nas relações intrarregionais, com carente integração do bloco, ao contrário dos países da Ásia-Pacífico. “Tem havido crescente desnacionalização do parque produtivo latino-americano, alta concentração econômica e aumento das dívidas públicas frente ao PIB regional. Situação que convive com pressões políticas e sociais que desembocam em violentos eventos eleitorais em todo o território”, explica Benício Viero Schmidt, professor aposentado da Universidade de Brasília (UNB).

Para o pesquisador, as condições políticas oferecidas pela América Latina, após um período de normalidade e de paz relativa (anos 1980), não são as melhores. Há uma instabilidade econômica evidente devido à inflação alta (Argentina), dolarização (Equador) e bitcoin (El Salvador), fraturas entre as elites (Peru), dificuldades no âmbito das coalizões vencedoras para estabelecer prioridades (Colômbia e Chile) e – em quase todos os casos – crescente presença do narcotráfico em eventos eleitorais, como tem sido o caso do Equador, com assassinatos de candidato a presidente e outros militantes, e assim por diante. “As condições atuais de integração não podem mais ser satisfeitas pela mera contiguidade territorial entre países. Hoje a conformação de blocos econômicos – uma forma superior de integração – é bastante frágil ainda na América Latina”, diz.

No caso latino-americano, um caminho interessante a ser explorado está nas relações entre o processo de solidificação democrático e suas relações com um híbrido sistema produtivo, onde Estado e empresas privadas, com forte presença de multinacionais, compartilham a hegemonia econômica. “A legitimação dos regimes democráticos também abarca a existência necessária de políticas públicas de proteção social, de formas previstas de participação popular para garantir a cidadania, e assim por diante”, aponta Benício Schmidt.

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