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SBFTE celebra seus 50 anos discutindo a trajetória e o futuro da farmacologia na 68ª Reunião Anual da SBPC

A Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE) realizou uma mesa-redonda para comemorar seu cinquentenário na 68ª Reunião Anual da SBPC, realizada na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro.

A mesa “SBFTE 50 anos – Farmacologia e Medicamentos: da bancada para a prateleira” contou com a presença de dois ex-presidentes da SBFTE, os professores João Batista Calixto e Regina Markus, mediados pela atual presidente da organização, professora Maria Christina Avellar

A Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE) realizou uma mesa-redonda para comemorar seu cinquentenário na 68ª Reunião Anual da SBPC, realizada na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro.

O evento reuniu os ex-presidentes da SBFTE, João Batista Calixto, criador e chefe do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a professora Regina Pekelmann Markus, da Universidade Estadual  de São Paulo (Usp) e conselheira da SBPC. Coordenando a mesa estava a atual presidente da SBFTE, a professora do Departamento de Farmacologia da Unifesp, Maria Christina Werneck Avellar.

Calixto deu início à discussão traçando a história dos medicamentos, desde a antiguidade, até os dias de hoje. Ele enfatiza que, apesar da farmacologia ter surgido como ciência só em meados do século XIX, a humanidade não teve que sobreviver sem a existência de medicamentos, já que possuía conhecimentos aprofundados das propriedades medicinais de plantas e minerais desde antes de Cristo.

A farmacologia só pôde surgir como ciência devido à disponibilidade de materiais de estudo e dos avanços nas áreas biológicas, como as agulhas hipodérmicas, a anestesia, a soroterapia e, por fim, a assepsia, que para o professor “é um dos maiores achados da farmacologia”.

Para completar a abordagem histórica, Markus falou sobre alguns estudos relevantes da atualidade. Dentre eles, a professora mencionou a origem do termo “da bancada para a prateleira”, que deu nome à palestra, definindo-o como a utilização direta de resultados de pesquisa como novas formas de tratar pacientes.

Para a professora, este método foi relevante, mas gera sempre os mesmos resultados: efeitos satisfatórios em alguns grupos, nenhum efeito e efeitos negativos, em outros. Isso acontece, segundo ela, porque a técnica desconsidera as variações fenotípicas dos indivíduos.

Por causa disso, a ex-presidente da SBFTE afirma que é preciso reconhecer as diferenças e realizar o tratamento para pacientes de acordo com as suas características. Em sua explicação, ela faz uma comparação entre o tratamento de doenças e os movimentos em prol de direitos para minorias. “Nós todos juntos somos fortes, a partir do momento que soubermos quem é cada um de nós, sem perder a nossa identidade. Para tratar doenças, é a mesma coisa”.

Ela ressalta a importância de manter essa identidade para classificar doenças, promovendo uma terapia mais adequada com medicamentos específicos, não para indivíduos, mas para grupos fenotípicos parecidos.

Segundo Markus, este método é o futuro da área. “A nova farmacologia vai ter que trabalhar com biomarcadores, vai ter que segregar indivíduos para, a partir de doenças melhor conhecidas, poder buscar alvos farmacológicos”, afirmou. Ela ainda ressaltou que “sem pesquisa básica de novos alvos e de novos processos [de desenvolvimento de medicamentos], nós não vamos chegar a lugar algum”.

Ludmila Vilaverde – estagiária da SBPC, para o Jornal da Ciência