Cientistas e ambientalistas reagem à exoneração do diretor do Inpe

Caso repercutiu inclusive na comunidade científica internacional; pesquisador americano que trabalha com sensoriamento remoto disse que os dados do Inpe são precisos e altamente confiáveis sobre as tendências de perda da floresta

exoneração de Ricardo Galvão da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) decidida na manhã desta sexta-feira, 2, após ele se reunir com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, mobilizou uma série de críticas da comunidade acadêmica brasileira e internacional e também de ambientalistas à posição do governo brasileiro, que vem questionando os dados da instituição sobre desmatamento da Amazônia.

“O Galvão é um cientista reconhecido internacionalmente por sua competência, sua seriedade e sua idoneidade. Ele demonstrou no País uma competência administrativa muito grande, primeiro como diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e depois do Inpe. Esses cargos são uma espécie de oferenda que ele fez ao País. Porque um cientista, quando ocupa esses cargos, acaba deixando sua maior paixão de lado, que é a sua ciência”, afirmou ao Estado Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências.

Sobre o imbróglio com o presidente Bolsonaro, que disse que a divulgação dos dados sobre o desmatamento prejudica a imagem do País, o pesquisador lembrou que é obrigação dos institutos de ciência e tecnologia transmitirem à sociedade a ciência que produzem. “Informar os dados que têm de modo transparente aumenta a confiabilidade de seus dados”, disse. “Ter liberdade de expressão e de comunicação é importante para a ciência.”
Veja o texto na íntegra: O Estado de S. Paulo