O bioquímico Paulo Ivo Homem de Bittencourt Júnior, de 56 anos, leciona há 30 anos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde lidera o Laboratório de Fisiologia Celular. Junto com uma equipe de pesquisadores, ele desenvolveu uma versão dotada de DNA sintético do LipoCardium, medicamento capaz de estimular a produção de uma proteína que auxilia na diminuição da gordura que se acumula nos vasos e nas artérias sanguíneas. Um feito e tanto.
Até então, além de carregar anticorpos que tinham de ser mantidos em geladeiras, algo que dificultava a comercialização em farmácias, a droga tinha um custo anual estimado em 300 000 reais por paciente. Ao criar a alternativa sintética, a equipe da UFRGS estabilizou o remédio a ponto de ser mantido em temperatura ambiente e barateou o custo, projetado para menos de 100 reais ao ano.
Em 2015, quando o laboratório estava no auge, empregando 30 cientistas, Paulo conseguiu autorização para testar a descoberta em humanos. Como o remédio tem potencial para combater doenças cardiovasculares, uma das que mais matam no Brasil e no mundo, a expectativa era grande. “Nossos estudos estimam que o LipoCardium poderia ajudar o SUS e o INSS a poupar cerca de 90 bilhões de reais por ano em gastos com internações, tratamentos e aposentadorias precoces ligadas a problemas cardiovasculares”, diz o pesquisador.
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