Cortes e mais cortes: o que será da ciência e da pesquisa no Brasil?

Redução de investimentos na área da ciência ameaça pesquisas e colocam o trabalho de cientistas em xeque. “É mais interessante investir no mercado financeiro do que no setor produtivo. Aplicar e especular sempre foi mais rentável e seguro. Há algumas iniciativas esporádicas em universidades privadas e empresas, sobretudo estatais. É urgente romper com essa tradição”, afirma Fernanda Sobral, vice-presidente da SBPC, em reportagem da Você S/A

O bioquímico Paulo Ivo Homem de Bittencourt Júnior, de 56 anos, leciona há 30 anos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde lidera o Laboratório de Fisiologia Celular. Junto com uma equipe de pesquisadores, ele desenvolveu uma versão dotada de DNA sintético do LipoCardium, medicamento capaz de estimular a produção de uma proteína que auxilia na diminuição da gordura que se acumula nos vasos e nas artérias sanguíneas. Um feito e tanto.

Até então, além de carregar anticorpos que tinham de ser mantidos em geladeiras, algo que dificultava a comercialização em farmácias, a droga tinha um custo anual estimado em 300 000 reais por paciente. Ao criar a alternativa sintética, a equipe da UFRGS estabilizou o remédio a ponto de ser mantido em temperatura ambiente e barateou o custo, projetado para menos de 100 reais ao ano.

Em 2015, quando o laboratório estava no auge, empregando 30 cientistas, Paulo conseguiu autorização para testar a descoberta em humanos. Como o remédio tem potencial para combater doenças cardiovasculares, uma das que mais matam no Brasil e no mundo, a expectativa era grande. “Nossos estudos estimam que o LipoCardium poderia ajudar o SUS e o INSS a poupar cerca de 90 bilhões de reais por ano em gastos com internações, tratamentos e aposentadorias precoces ligadas a problemas cardiovasculares”, diz o pesquisador.

Veja o texto na íntegra: Você S/A