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Desigualdade persiste na América latina

"A ciência tem sido um elemento político em poucos países da América Latina". Com essa afirmação o representante da Academia Cubana de Ciências, Sergio Pastrana, abriu sua participação no debate sobre "A contribuição da ciência para o desenvolvimento latino americano", realizado no último dia do “Seminário Brasil - Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade”, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O seminário contou com a participação de cientistas, jovens pesquisadores, empresários e autoridades do setor.
“A ciência tem sido um elemento político em poucos países da América Latina”. Com essa afirmação o representante da Academia Cubana de Ciências, Sergio Pastrana, abriu sua participação no debate sobre “A contribuição da ciência para o desenvolvimento latino americano”, que aconteceu na última sextas-feira (22/11), no último dia do “Seminário Brasil – Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade”, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
 
Segundo Pastrana, o fortalecimento da academia deve ser o foco das instituições e o desenvolvimento da ciência e tecnologia é fundamental para o setor produtivo, seja público ou privado. “Diante disso nos perguntamos que padrão de desenvolvimento devemos construir com o objetivo de assessorar o governo e beneficiar toda a sociedade”, questionou.
Para Pastrana a Declaração da América Latina e Caribe, documento que será entregue no Fórum Mundial de Ciência aberto ontem (24/11) no Rio, é um esforço para que os países da América Latina tenham um papel protagonista. “Esse documento é resultado de muita discussão e estou feliz que o fórum mundial seja no Brasil. De alguma forma chegou a hora da América Latina no cenário da ciência”, afirmou.
 
O brasileiro Mariano Laplane, do CGEE, afirmou que o Brasil se encontra num processo de tentar construir um novo modelo de desenvolvimento. Ele lembrou a trajetória do país em outros modelos que foram adotados entre os anos 50 e 80. “No pós-guerra, o modelo favoreceu a classe média e a urbanização, não era inclusivo e boa parte do conhecimento vinha do exterior”, relatou.
 
Segundo Laplane, a partir dos anos 80, o modelo adotado até então deixou de funcionar devido a transformações na economia mundial. “A América Latina optou por descer desse trem, sair desse modelo. Daí pra frente, o Brasil apostou na ciência e na tecnologia como ferramenta de crescimento. Apostamos no mercado interno, na criação de novas formas de crédito e em programas sociais”, enfatizou. Ainda de acordo com ele, o desafio agora é consolidar este novo modelo.
 
Desafios 
Para o representante do CGEE, a América Latina e o Brasil, além de enfrentar os desafios que toda a humanidade enfrenta, têm desafios muito próprios. “Precisamos dar continuidade ao processo de inclusão social, não apenas para a redução das desigualdades, mas para aumentar a igualdade e a ciência e a tecnologia tem um papel fundamental nesse processo”, disse Laplane. De acordo com ele, um novo padrão de desenvolvimento com modelos mais eficientes promoverão a sustentabilidade e o bem estar das populações.
 
Jorge Grandi, representante da UNESCO destacou que em toda a América Latina e Caribe persiste a desigualdade. “É grande também a desigualdade entre os países latino-americanos. Que tipo de desenvolvimento nos cabe? Penso que devemos ter um acordo global para consolidarmos nossa capacidade científica”, opinou.
 
De acordo com Grandi, a cooperação entre os países da América Latina é necessária, mas não é o suficiente. “Precisamos de um instrumento financeiro para viabilizar essa parceria em ciência e tecnologia”, disse. Para ele o tema inclusão deve aparecer em todos os programas estratégicos e ser uma discussão global.
 Sob a coordenação do reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves de Castro, o encontro teve a inda a participação de Mariano Laplane, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Jorge Grandi, do Escritório Regional América Latina e Caribe da Unesco e Mario Cimoli, da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)