A diversidade na ciência abre caminho para novos métodos de pesquisa, insights e expertise. Isso porque grupos compostos por pessoas com diferentes experiências e áreas de atuação fazem perguntas diferentes e têm diferentes olhares sobre um problema – e isso é fundamental para fazer a ciência avançar. No entanto, por muitos anos, a ciência (em sua grande parte) se manteve masculina, branca e eurocentrada. Apesar dos grandes avanços feitos nos últimos anos para torná-la mais diversa, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura. Alinhada com o “Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável 2022-23” (IYBSSD, na sigla em inglês), estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Unesco, o número traz como tema “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável”.
Simone Maia Evaristo, bióloga, mestre em Infecção HIV/Aids e especialista em Citologia Clínica, destaca que quando o cientista não consegue aceitar as diferenças, a ciência que faz fica baseada nos seus questionamentos dentro daquilo que acredita. “Falta-lhe empatia”, afirma Evaristo. Ela explica que “a natureza em si é diversa para contribuir, embelezar e estimular a criação de ideias. O cientista arrogante, que é aquele se supõe superior, acha que a sua ideia e a sua perspectiva são absolutas”.
Para Elizabeth Fernandes Macedo, professora do Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino da UERJ, é preciso reconhecer que a visibilidade que as comunidades quilombolas, extrativistas, povos indígenas e outras comunidades tradicionais vêm conquistando, com muita luta política pelo direito de simplesmente existir, colocou em xeque o universalismo da ciência ou do erudito, que se transforma em conteúdo escolar. “Ao ecoar o grito dessas outras formas de existir no mundo, torna qualquer pretensão universalista uma impossibilidade em si”, afirma. Macedo é precisa ao afirmar que “não se trata de juntar ou articular os polos, mas buscar outras formas de conceber nossa relação com o mundo, de conceber as relações que nos produzem, assim como ao que chamamos de mundo, na defesa da necessidade de borrar as fronteiras entre natureza e cultura; entre homem, mundo natural e máquina; entre conhecimento e afetos”.
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