Ensino superior tem que ser política de Estado, dizem especialistas

No terceiro seminário da série “Projeto para um Brasil Novo”, reitores e ex-reitores dão sugestões para melhorar a contribuição das universidades para a sociedade brasileira

29.03.2022 - terceiro seminário

Não há como pensar em desenvolvimento, em um país melhor, sem investimento em educação em todos os seus níveis, mas especialmente no ensino superior, o que deve ser uma política pública de Estado e não de governo. A afirmação é da reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Goulart Almeida, e foi reiterada pelos demais participantes do seminário sobre Educação Superior promovido nesta quarta-feira pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Terceiro da série “Projeto para um Brasil Novo”, o evento compõe os 12 seminários temáticos que a SBPC está realizando para tratar de temas relevantes que contribuam para o desenvolvimento do País.

Mediado por Carlos Alexandre Netto, ex-reitor e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o seminário sobre Educação Superior contou, além da reitora da UFMG, com a participação de Luiz Bevilacqua, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC); Marcelo Knobel, ex-reitor e professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do Conselho da SBPC e Naomar Monteiro de Almeida Filho, professor do Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP) e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade do Sul da Bahia (UFESBA).

Lembrando que mais de 90% da pesquisa científica no país são produzidos dentro das universidades públicas, Sandra Almeida reiterou que um projeto de Estado para o ensino superior deve ser feito em diálogo com as universidades, com propostas de políticas públicas e principalmente com leis. “Há necessidade de um aparato legal para que a gente possa garantir que o ensino superior de fato contemple uma demanda de Estado perene, não pode haver interrupção dessa política”, disse.

Marcelo Knobel reforçou a colocação da reitora da UFMG sobre a necessidade de uma política de Estado e acrescentou, entre pontos que considera urgentes para o ensino superior, a ampliação do acesso às universidades. “Apesar do grande avanço nos últimos anos, precisamos ampliar o número de jovens no ensino superior, que hoje é cerca de 20%. O desafio é duplicar, triplicar esse número”, disse Knobel.

Luiz Bevilacqua, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), criticou a falta de colaboração entre as instituições brasileiras e propôs como ação imediata que se faça uma rede nacional de pesquisa, com troca de pesquisadores, estudantes que migrem entre as várias universidades federais e estaduais. “Precisamos cooperar mais”, afirmou.

Entre suas propostas, Naomar Monteiro de Almeida Filho sugeriu uma maior interação da graduação com a pós-graduação e entre as universidades e as escolas de ensino fundamental e médio.

Lembrando o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), Almeida Filho propôs que se mobilizasse a rede pública ampliada para transformar a educação básica, o que estava previsto na regulamentação do programa, mas foi pouco aplicado. “Formas de fazer já sabemos, mas isso precisa ser feito com uma política de indução porque, se deixar, as instituições não acrescentarão essa responsabilidade (quanto à educação básica) que é constitucional”.

Assista ao seminário na íntegra no canal da SBPC no Youtube.

Jornal da Ciência