Igualdade social e desenvolvimento científico são fundamentais para retomada do crescimento

Tema é discutido durante mesa-redonda de encerramento da Virada da Independência

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Como fazer o Brasil caber no Estado Brasileiro? Essa foi a questão discutida na mesa-redonda “Bicentenário da Independência e além: como fazer o Brasil caber no Estado Brasileiro?”, que encerrou a Virada da Independência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) nesta terça-feira (7).

A atividade concluiu a série de atividades online planejadas para celebrar os 200 anos da Independência do Brasil. Moderada por Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e presidente da SBPC, a mesa-redonda debateu a construção do país, os problemas deixados e o que falta para nos tornarmos totalmente soberanos.

Segundo Ribeiro, o evento é uma ocasião para olharmos para o passado, compreendermos o presente e pensarmos o futuro, aproveitando a oportunidade para delinear uma série de projetos para o Brasil que queremos. “A ciência, a tecnologia, a inovação, a educação, a cultura, a saúde, o meio ambiente e a inclusão social são fundamentais para a construção de um Brasil independente e soberano”.

Para Maria de Lourdes Mollo, professora titular da Universidade de Brasília (UnB), o país vem assistindo uma série de “políticas de descomprometimento” do Estado com a maior parte com a população. “Isso precisa ser revertido a partir da concepção da reconstrução de um projeto de Brasil includente, envolvendo a sociedade como um todo”.

“Como fortalecer a democracia nacional? Como combater a desigualdade, que aumenta e nos coloca entre os países mais desiguais do mundo? Como proteger o meio ambiente, que está sendo destruído pelos incêndios na Amazônia e no Cerrado? Como posicionar o Brasil entre os países com o maior índice de inovação? Como aumentar o número de pesquisadores no País?”, questiona Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Ele enfatizou ainda que a ciência é essencial para a recuperação do país. “São questões urgentes que requerem um projeto nacional. A ciência já fez muito pelo Brasil e o Brasil já se desenvolveu muito em função da ciência”.

Hermes Zaneti, advogado e ex-deputado federal, afirma que a luta por uma sociedade justa, igualitária, tolerante, harmônica, deve continuar — e que a ciência é essencial nessa luta. “Sem pesquisa e sem ciência continuaremos presos nesse círculo vicioso, no eterno retorno e na dependência” diz o político, que exerceu o mandato de deputado federal constituinte em 1988. “O momento que vivemos no Brasil hoje nos diz que é preciso reafirmar em alto e bom som, e com esperança: não são as armas que nos libertam, é a ciência. As armas matam. A ciência é vida”. Veja a apresentação de Zaneti.

Ribeiro finalizou enfatizando que o País vive um momento crítico, sendo preciso buscar a reversão desse cenário adverso. Para ele, as discussões realizadas durante as várias atividades da Virada da Independência contribuíram para fazer uma reflexão muito rica e mostrarem o caminho, e agora é preciso que toda sociedade aja. “Dentro de tudo o que está sendo dito, temos um ponto que alinhava, que é a questão ética. Uma sociedade não será ética se ela não tiver uma grande igualdade de oportunidades para seus cidadãos”, afirmou Ribeiro.

Virada da Independência

A Virada da Independência marcou o início das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil com 26 horas de programação e 42 atividades entre painéis, mesas-redondas, depoimentos, sessões de bate-papos e apresentações culturais. A série de atividades online contou com a participação de pesquisadores, das Sociedades Afiliadas e Secretarias Regionais e teve 6.000 visualizações. Toda a programação pode ser assistida no canal da SBPC no YouTube.

Para Cláudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC, a Virada da Independência representa o pontapé inicial na série de eventos e debates que a entidade pretende promover ao longo de 2021 e 2022 sobre as independências que o Brasil precisa conquistar. “Nesses debates e grandes questões que a SBPC pretende abordar, com as suas sociedades afiliadas e secretarias regionais, e tantos quantos forem os setores que consiga mobilizar, teremos a ciência, educação e a cultura como atores principais das mudanças que precisamos sofrer para a conquista de um país realmente independente, soberano e com bem-estar social ao alcance de toda a população”, afirma. Essa série de eventos e debates terá seu ponto alto na 74ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada de 24 a 29 de julho de 2022 na Universidade de Brasília (UnB), em Brasília, com o tema “Ciência, Soberania e Independência Nacional”.

Assista à mesa-redonda completa aqui

Chris Bueno – Jornal da Ciência