O século XX foi um período de grandes transformações para o desenvolvimento da ciência no Brasil. Nos últimos 60 anos desse século, houve um progresso incessante tanto na organização institucional quanto no avanço científico. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que comemora os 75 anos da revista.
Iniciativas fundamentais marcaram o início desse desenvolvimento, como os trabalhos de Oswaldo Cruz e Vital Brazil, além da criação da Academia Brasileira de Ciências (ABC) em 1916. A implantação das universidades do Brasil e de São Paulo e as pesquisas médicas relacionadas a doenças tropicais também foram marcos importantes. Áreas como agronomia, saúde pública e biologia, ligadas à produção cafeeira e ao combate a parasitas, receberam investimentos significativos com a criação de institutos de pesquisa específicos.
A partir da década de 1940, a institucionalização da ciência no Brasil ganhou força, especialmente devido à influência dos avanços internacionais na física, exemplificados pelo Projeto Manhattan e pela pesquisa nuclear. Pesquisadores estrangeiros que migraram para o Brasil, particularmente para a Universidade de São Paulo (USP), tiveram um impacto duradouro. Em 1948, a fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) marcou outro passo significativo, moldando-se a partir de instituições similares em outros países.
A Constituição do Estado de São Paulo criou, em 1947, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), implementada em 1962. Em 1951, a fundação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) foram cruciais para a organização institucional da ciência e tecnologia e para a formação de professores no Brasil. A expansão dos cursos de pós-graduação em todas as áreas de ciência e engenharia foi essencial para a capacitação de novos pesquisadores. Entre 1996 e 2014, houve um crescimento de 205% a 210% no número de programas de mestrado e doutorado.
Nas últimas décadas do século XX e no início do século XXI, aumentou a preocupação com o papel da ciência e tecnologia no desenvolvimento econômico, social e cultural do Brasil. A colaboração internacional também cresceu, com cientistas brasileiros participando de pesquisas globais e aumentando significativamente a publicação de trabalhos científicos. “Muitos problemas relacionados com as demandas da sociedade são solucionados com os avanços promovidos pelo desenvolvimento científico e tecnológico”, afirma José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia – São Carlos e professor do Instituto de Estudos Avançados da USP.
Nos últimos 20 anos do século XX e nos primeiros 20 do século XXI, o Brasil viu um aumento significativo na produção científica e na aplicação desse conhecimento em setores como saúde, agronegócio, tecnologia da informação e ciência espacial. Embora ainda limitado a algumas regiões e municípios, esse modelo de apoio à ciência e tecnologia está estabelecido e tem promovido importantes avanços. O desenvolvimento científico e tecnológico continua sendo essencial para enfrentar os desafios contemporâneos, como a escassez de água, insegurança alimentar e mudanças climáticas. A integração entre as ciências básicas e as engenharias, além do apoio contínuo do Estado e da colaboração internacional, será crucial para a transformação social e econômica do Brasil. “O Brasil precisa de programas de relevância para a gestão e proteção ambiental ao nível municipal. A contribuição da Ciência, Tecnologia e Inovação nessa área é de máxima importância para a construção de um futuro sustentável e integrado com os processos naturais”, conclui José Tundisi.
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