Quinta da Boa Vista foi palco do Dia Nacional da Ciência

Com atividades simultâneas em outras três cidades – São Paulo, Belo Horizonte e Recife -, a comunidade científica do Rio de Janeiro reuniu-se em frente ao Museu Nacional para celebrar Dia Nacional da Ciência, o Dia Nacional do Pesquisador, os 70 anos da fundação da SBPC e os 200 anos do Museu Nacional

rjO dia 8 de julho, domingo, foi motivo de quádrupla comemoração da comunidade científica: o Dia Nacional da Ciência, o Dia Nacional do Pesquisador, os 70 anos da fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e os 200 anos do Museu Nacional.

Com atividades simultâneas em outras três cidades – São Paulo, Belo Horizonte e Recife -, a comunidade científica do Rio de Janeiro reuniu-se em frente ao Museu Nacional para celebrar as datas e manifestar a insatisfação com o quadro da ciência e educação no País e no Estado.

A pesquisadora Ana Tereza de Vasconcelos, que também conselheira da SBPC, falou um pouco sobre o objetivo do Domingo com Ciência na Quinta: “Estamos trazendo para a sociedade uma feira de ciências, mostrando que a ciência está no dia a dia de todos nós. Tivemos também músicas que estão sendo compostas por rappers e painéis artísticos, todos inspirados em temas científicos”.

As atrações e experimentos foram as mais diversas possíveis e contaram com a participação de várias instituições de ensino e pesquisa do Estado. A equipe do Museu Nacional levou para os stands exemplares de animais conservados, desde insetos e aranhas em caixas entomológicas até mamíferos empalhados, assim como amostras geológicas.

A Fiocruz levou diferentes departamentos para a Quinta da Boa Vista, o grupo CiênciArte do LITEB-IOC estava presente com uma oficina estimuladora da criatividade na promoção da Saúde. O Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos levou exemplares de mosquitos transmissores de Leishmania e espécimes do parasita para serem observados em microscópios. A Casa de Oswaldo Cruz contou com a oficina de brincadeiras e contação de histórias “Memórias Criativas, Mulheres Cientistas”, evidenciando a representatividade das mulheres na Ciência. Atividades lúdicas com jogos, pintura e teatro sobre o sistema imunológico foram apresentadas na atividade “Você conhece o seu sistema imunológico? entre várias outras.

A física Tatiana Rappoport, da UFRJ, estava convidando todas as meninas presentes para participar da oficina “Tem Menina no Circuito”, que tem o objetivo de incentivar a presença de meninas nas ciências exatas e tecnológicas. A equipe do DivulgaMicro deixou todos perplexos com o Quiz “Que micróbio você é”. Já o grupo de Pesquisa em Bacteriologia Molecular e Marinha levou a oficina “Aprender a lavar as mãos previne doenças”, onde os pesquisadores e alunos falam sobre a importância de lavar as mãos. O grupo Ciência em Jogo levou jogos científicos criados por alunos de graduação do Instituto de Microbiologia para divertir, ensinando a criançada os diferentes formatos dos microrganismos e sua importância no dia-a-dia.

A UEZO também esteve presente com a atividade “Destinação Inteligente de resíduos”, um jogo pedagógico, e promoveu ainda debates informais sobre questões socioambientais. A UERJ mostrou projetos de impressão 3D e realidade aumentada para o ensino de ciências que englobaram diversas temáticas, tais como, educação ambiental, citologia e ensino em saúde. A UFF levou Jogos Estratégicos de Diferentes Culturas – africanos, indígenas e orientais.

O Observatório Nacional participou com as atividades de “Provoque um terremoto” – o experimento foi realizado em uma mesa adesivada com o mapa da América do Sul, mostrando a grande quantidade de ocorrência de terremotos nesta região. O público participou da experiência batendo na mesa nas três direções que dão origem aos terremotos. “Por dentro da Hora Legal Brasileira” também foi tema desse instituto, entre outras atividades.

O MAST fez a “Observação do Sol” onde o público pode observar o sol por meio de telescópios e  conhecer um pouco mais de suas características.

O grupo Rap com Ciência marcou presença e representou a cultura rap compondo e cantando letras de apoio à ciência. Integrantes da bateria Escola de Samba Beija-Flor também animaram os visitantes do Domingo com Ciência na Quinta. Gabriela Lopes Tores realizou trabalho vinculado ao conceito do Grafite da Ciência (do CBPF), onde os participantes criaram sua própria arte, com tema de ciência, em pequenos grupos.

A feira de ciências também foi marcada pela presença de diversos pesquisadores e representantes de entidades e associações que defenderam a ciência e o desenvolvimento do País tais como ABC, Fiocruz, Fórum dos Reitores do Estado do Rio, CNPq e parlamentares.

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, analisou que oportunidades como o Domingo com Ciência na Quinta são atos de resistência e devem ser usadas para a defesa das pesquisas e das universidades públicas.

Concordando com Kellner, a conselheira da SBPC acrescentou para além das comemorações, o evento na Quinta da Boa Vista foi um alerta para toda a população gravidade da situação da CT&I no Estado. “Estamos tendo cortes constantes na área de Ciência e Tecnologia, o estado do Rio de janeiro e a Faperj têm sofrido cortes enormes, bem como MCTIC, que tem hoje um terço do seu orçamento em relação ao que era oito anos atrás. E é para isso que estamos aqui: para comemorar, mas também para alertar que sem ciência, sem tecnologia e sem educação nós não teremos os pilares básicos para o desenvolvimento econômico e social do País”, concluiu.

O evento contou com o apoio da SBPC, ASFOC-SN, ADUFRJ, ASDUERJ e CBPF.

Matéria escrita por Sidcley Lyra, assessor de divulgação científica da SBPC/RJ, com colaboração da conselheira da SBPC, Ana Tereza Vasconcelos