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Rumo à popularização da ciência

Em entrevista ao Jornal da Ciência, a coordenadora do projeto Socializar, que tem a SBPC/GO como uma das parceiras, explica a importância de popularizar a ciência, os desafios do projeto e a gratificação do trabalho.
Em entrevista ao Jornal da Ciência, a coordenadora do projeto Socializar, que tem a SBPC/GO como uma das parceiras, explica a importância de popularizar a ciência, os desafios do projeto e a gratificação do trabalho 
Com o intuito de diminuir a distância entre a produção científica e a população, principalmente junto aos estudantes de escolas públicas, o Socializar, um projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás (UFG) em parceria com a SBPC/GO, a ONG Cultura Cidade e Arte, e escolas públicas municipais e estaduais de Goiânia, tem trabalhado com afinco para engajar o público com a ciência. O projeto divulga nas escolas os 24 trabalhos acadêmicos (artigos, monografias, dissertações e teses, de diversas áreas do conhecimento) selecionados pelo 1° Prêmio de Popularização da Ciência da SBPC/GO, em 2014. Segundo a coordenadora do projeto, a professora Rosália Santos Amorim Jesuíno, as escolas têm recebido sua equipe com entusiasmo, apesar dos desafios. Nesta entrevista ao Jornal da Ciência, ela conta como surgiu a ideia, além de ressaltar a importância da popularização da ciência e como ela deve ser feita.
Jornal da Ciência – O que motivou a criação do projeto Socializar? Quais são os principais objetivos?
Rosália Santos Amorim Jesuíno – Este projeto foi motivado após a realização do I Prêmio de Popularização da Ciência, promovido pela SBPC, em 2014. A comissão organizadora constituída por discentes de Instituições de Ensino Superior (IES) vislumbrou uma oportunidade ímpar de socializar o saber produzido nas IES de Goiás por meio deste projeto, com a apresentação dos trabalhos premiados, que compõem a coletânea desta primeira edição do concurso, nas escolas públicas estaduais e municipais. Socializar é um projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – Regional Goiás (SBPC/GO), a ONG Cultura Cidade e Arte, e escolas públicas municipais e estaduais de Goiânia. 
O projeto tem o objetivo de democratizar nas escolas públicas de ensino Municipal e Estadual de Goiânia o acesso ao conhecimento produzido em universidades goianas. Esta ação promoverá a divulgação dos 24 trabalhos acadêmicos (artigos, monografias, dissertações e teses, de diversas áreas do conhecimento) selecionados pelo 1° Prêmio de Popularização da Ciência da Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência, Regional Goiás (SBPC/GO). 
JC – De forma resumida, o que significa popularização da ciência?
RSAJ – Pode-se dizer que a ideia de popularização da ciência ganha força no Brasil com a educação popular, os movimentos sociais populares e a concepção de educação transformadora de Paulo Freire. Neste sentido, o termo popularização significa além do que difundir algo ao povo. É no diálogo, possibilidade do contato entre o saber sistematizado e a experiência das pessoas, que se constroem perguntas e motivações, para a busca do conhecimento, da educação e da humanização do ser humano.
Para José Reis (2002), um dos pioneiros do trabalho de popularização da ciência no Brasil, a divulgação da ciência implica não apenas em contar ao público os conhecimentos interessantes e revolucionários que a pesquisa desvenda, mas é também veicular de forma simples os princípios e métodos da ciência de forma a deixar explícitos os impactos sociais e seus reflexos, bem como o exame de suas implicações éticas. Entender ou compreender o porquê dos fatos para além das crenças e saberes do senso comum, até um conhecimento mais metódico, rigoroso e sistemático, resultando não somente em uma visão mais profunda, mas, sobretudo mais crítica não pode ser privilégio de alguns.
JC – Quais escolas participam da iniciativa? Quantos estudantes estão envolvidos no projeto?
RSAJ – Participam da iniciativa escolas municipais e estaduais de Goiânia, totalizando cerca de 32 escolas. Acadêmicos da UFG envolvidos, entre bolsistas e voluntários dos cursos de Biologia, Biomedicina, Artes, Veterinária, Agronomia, História, Arquitetura e Urbanismo e Sistema de Informação, totalizam por volta de 10 pessoas. Até o momento participaram da ação aproximadamente 800 alunos, entre estudantes de ensino fundamental e médio.
JC – Quais os desafios encontrados no desenvolvimento deste projeto nas escolas?
RSAJ – Os desafios são inúmeros, dentre eles, transformar a linguagem científica apresentada nos trabalhos a serem divulgados em uma linguagem mais acessível, para que os trabalhos possam ser melhor compreendidos pelos escolares; embora as secretarias de educação do Estado e do município sejam parceiras deste projeto, encontrar um ambiente escolar que seja receptivo às ações, nos possibilitando o acesso aos alunos, é difícil; tem também restrição quanto a uma maior participação dos acadêmicos, em função de verba insuficiente para remuneração dos mesmos, por meio de bolsas. 
Entretanto, todos estes desafios têm sido transpostos pelo engajamento da equipe executora na elaboração e execução da ação, bem como pela receptividade e participação dos escolares diante do que lhes é apresentado e oportunizado. As nossas visitas têm sido muito gratificantes e o que mais tem nos sensibilizado é a forma como a sociedade é carente de informações sobre o que é desenvolvido nas IES e o quanto eles estão interessados em conhecer as pesquisas realizadas nas universidades.
Jornal da Ciência