Seminário propõe movimento “Escola é Lugar de Ciência”

Professores lotaram auditório da Alesc para debater a situação do ensino científico na escola e o combate ao obscurantismo

A necessidade de fortalecimento da visão científica dentro das escolas foi um consenso do 1º Seminário Catarinense Escola é Lugar de Ciência, realizado segunda-feira (26) na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Para tanto, os participantes levantaram uma série de propostas destinadas a criar um movimento nesse sentido, que poderá ser amplificado para todo o estado e todo o País.

Entre as principais medidas, a promoção de seminários regionais e a abertura de discussões sobre as condições para a realização de pesquisas no ambiente escolar. Também foi proposto o estreitamento das relações entre a Comissão de Educação da Assembleia, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Fórum Estadual Popular de Educação com a Secretaria Estadual da Educação e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação no Estado de Santa Catarina (Fapesc). O esforço conjunto poderá levar à criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Ciência e da Educação.

As propostas constarão de uma carta a ser encaminhada às lideranças políticas estaduais e nacionais e apresentadas no 2º Encontro Nacional dos Presidentes de Comissões de Educação dos Legislativos Estaduais, a ser realizado entre os dias 12 e 13 de setembro em Cuiabá (MT).

“A reunião foi muito importante e significativa para o setor de educação básica de Santa Catarina”, avaliou o professor André Ramos, secretário regional da seção catarinense da SBPC. Além de participar na organização e promoção do seminário, a SBPC inspira o movimento que nasceu na Assembleia com o projeto SBPC Vai à Escola, que já leva ciência para diversas instituições de ensino fundamental no estado.

“Essa carta vai trazer uma sistematização do debate entre professores, palestrantes e entidades participantes e propor ações para que as escolas de ensino básico se tornem um modelo de formação científica democrática e inovadora”, afirmou a deputada Luciana Carminatti (PT/SC), uma das idealizadoras do encontro.

O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, participou do seminário ministrando a palestra “A escola em debate: o papel da Ciência e de outros saberes”. Ele defendeu que as universidades se aproximem mais das comunidades onde estão inseridas e que prestem contas de suas atividades, não tendo vergonha de mostrar que a educação é cara. “A universidade tem sua autonomia, mas ao mesmo tempo tem que prestar contas à sociedade. Tem que estar mais próxima da comunidade, apoiar o ensino básico, discutir melhorias, além de valorizar os professores, investindo na formação e condições de trabalho”, resumiu.

André Ramos destacou o sucesso de público do evento. A Secretaria Estadual de Educação fomentou a presença de escolas do interior (com dispensa do ponto e apoio financeiro para transporte e alimentação) em um número limitado de 300 profissionais. Porém, mais de 500 professores lotaram o Auditório Deputada Antonieta de Barros, que tem capacidade para 420 pessoas. Dezenas de pessoas ocuparam uma sala contígua onde foi instalado um telão para quem quisesse acompanhar os debates e não conseguiu entrar.

Um dos temas mais debatidos, segundo Ramos, foi o avanço do obscurantismo e os ataques à ciência e ao meio ambiente. “Isso mostra que os professores no chão da escola estão ávidos pelo debate em rede desses temas”, afirmou o secretário regional da SBPC.

Janes Rocha – Jornal da Ciência, com informações da Agência Alesc