Há muita água por baixo da Amazônia

Na época das chuvas, milhares de rios e bilhares de igarapés, transbordam em meio às florestas, chegando a se estenderem até mesmo no mar. Com o crescente degelo e o aumento de volume dos oceanos, não é difícil prever o que anda acontecendo entre as águas, não só nas superfícies, mas, também, nas profundezas das terras. Para se ter uma ideia, conchinhas do mar são vistas nas praias dos afluentes do Amazonas, enquanto muitos pescadores, testemunham a presença de alguns tubarões.
Na época das chuvas, milhares de rios e  bilhares de igarapés,  transbordam  em meio às florestas, chegando a se estenderem até mesmo no mar. Com o crescente degelo e o aumento de volume dos oceanos, não é difícil prever o que anda acontecendo entre as águas, não só nas superfícies, mas, também,  nas profundezas das terras.
Para se ter uma ideia, conchinhas do mar são vistas nas praias  dos afluentes do Amazonas,  enquanto   muitos pescadores, testemunham a presença de alguns  tubarões.
Não bastasse isso, vários cientistas  descobriram há pouco tempo,  o que há muito, os nativos já sabiam existir: um lençol de água  a quase 4.000 metros de profundidade, que pode ser um dos maiores aquíferos do mundo! Batizado recentemente  de rio  Hamsa,  alguns estudiosos deduzem que sua nascente se encontra  nos Andes e sua foz,  no Oceano Atlântico. De qualquer maneira, a existência deste enorme e profundo reservatório de água,  teve sua  confirmação anunciada durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no último mês de julho de 2014, no campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco. Segundo o professor Francisco de Assis Matos de Abreu, da Universidade do Pará (UFPA), o volume de água subterrânea é estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos, o que indica ser três vezes maior que o aquífero Guarani. Isso quer dizer que a reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia… Maravilhoso? Claro, maravilhoso! Dá até medo de dizer.
Dá medo porque, tão imenso como é, o aquífero, ou rio, não deixa de ser frágil também e pode secar com a presença das atividades humanas de uma hora para outra.
Por isso o “não uso” dessa água está sendo defendido por alguns cientistas como uma grande estratégia de conservação de todo o ecossistema da Amazônia, enquanto se buscam outras soluções. Mas, a consciência da existência deste manancial e da urgente necessidade de conservá-lo, faz com que,  se possa manter ao menos o desejo de preservar  as florestas intactas, para a preservação desta riqueza natural.
“Essa linha de água permanece subterrânea desde sua nascente, só que não tão distante da superfície. Tanto que temos relatos de povoados daquele país, instalados na região de Cuzco, que utilizam este rio para agricultura. Eles sabem desse fluxo debaixo de terrenos áridos e por isso fazem escavações para poços ou mesmo plantações”, afirmou o pesquisador indiano Valiya Hamza. O doutor Hamza nasceu na Índia, no dia 15 de junho de 1941, mora no Brasil há trinta e sete anos e há dezesseis trabalha como geofísico do Observatório Nacional. O indiano naturalizado brasileiro foi selecionado pela Sociedade Geológica Americana (GSA), como um dos melhores revisores de artigos científicos, em 2009. Segundo estudos, o  fluxo da água para a bacia  é  vertical, até certo ponto. Depois, próximo à região do Acre, o curso fica na horizontal e segue o percurso do Rio Amazonas, no sentido oeste para o leste, passando pelas bacias de Solimões, Amazonas e Marajó, até adentrar no Oceano Atlântico. É uma enorme bacia hidrográfica  que entra no mar até 150 km da orla, fato este comprovado pelos peixes de água doce que sobrevivem por lá. Calcula-se então  (isto digo eu) que na  época da vazante dos rios, o fluxo possa ocorrer ao contrário, ou seja, com a água do mar adentrando nas profundezas das águas doces. Na verdade, quem constatou a existência destas águas subterrâneas, foi  Elizabeth Pimentel, em um trabalho de doutorado  coordenado por  Hamza.  Segundo ela, o rio teria  seis mil km de comprimento e entraria no Oceano Atlântico pela mesma foz, que vai do Amapá até o Pará. A descoberta foi feita a partir da análise de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980.  Segundo ela,  não é um aquífero, mas, um rio subterrâneo, pois possui movimentação, mesmo que lenta.  Porém  o que mais surpreende os estudiosos,  é a  distância entre as margens do Hamza: elas  alcançam até 400 km de uma borda a outra, ou seja, a distância entre São Paulo e Rio de Janeiro. Isto significa que grande parte da Amazônia,  está sobre as águas!