Seminário debate impactos da exploração de xisto

A questão da sustentabilidade é o grande desafio na exploração de xisto neste momento. Por isso, é preciso realizar mais estudos sobre os impactos ambientais para ver se é viável ou não sua exploração. A afirmação foi feita pelo professor do da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Jailson Andrade, que representou a SBPC, durante o seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o Greenpeace, o Instituto Socioambiental (ISA), a Fase e oCentro de Trabalho Indigenista (CTI).O encontro na quarta-feira (13/11), em São Paulo.

A questão da sustentabilidade é o grande desafio na exploração de xisto neste momento. Por isso, é preciso realizar mais estudos sobre os impactos ambientais para ver se é viável ou não sua exploração. A afirmação foi feita pelo professor do Departamento de Química Geral e Inorgânica do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Jailson Andrade, que representou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), durante o seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o Greenpeace, o Instituto Socioambiental (ISA), a Fase e o Centro de Trabalho Indigenist (CTI). O encontro na quarta-feira (13/11), em São Paulo.

O seminário promoveu o debate sobre questões ambientais envolvidas nesse tipo de exploração e discutiu sua viabilidade. Foi discutida também a necessidade dessa fonte de energia para o setor energético brasileiro, com enfoque nas bacias do Acre, Mato Grosso e no aquífero Guarani. O pesquisador do Ibase, Carlos Bittencourt, alertou que é preciso adiar o leilão para que se possa fazer os estudos necessários antes de autorizar a exploração.

Diante da perspectiva de que um dos grandes desafios deste século é o setor energético, Andrade, que é conselheiro da SBPC, chamou a atenção para o fato de que apesar do xisto ser enxergado por muitos como uma solução, deve-se considerar todos os riscos envolvidos nesta atividade. “Para se explorar este tipo de gás, demanda-se uma enorme quantidade de água que após ser utilizada para fracionar as rochas fica contaminada com substâncias químicas como arsênio e bário”, explicou. “As perguntas que devem ser respondidas são: de onde virá a água? E para onde ela irá?”

Um dos motivos é o fato de a tecnologia de extração desse gás ser embasada em processos “invasivos da camada geológica portadora do gás, por meio da técnica de fratura hidráulica, com a injeção de água e substâncias químicas, podendo ocasionar vazamentos e contaminação de aquíferos de água doce localizados acima do xisto. Outro ponto que deve ser avaliado, explicou o representante da SBPC, é a questão logística. “A perfuração do poço vai gerar um trânsito de muitos veículos”, disse. “Um para trazer a água, outro para levar o gás. Por isso, é preciso também analisar a questão geológica do local.”

Andrade também observou que a mesa-redonda “Gás de xisto: Desafios e perspectivas”, realizada na 65ª Reunião Anual da SBPC, que aconteceu em julho em Recife, e a carta (disponível em http://www.sbpcnet.org.br/site/artigos-e-manifestos/detalhe.php?p=2011) feita pela SBPC e Academia Brasileira de Ciências (ABC) e enviada em agosto para a presidente Dilma Rousseff, motivaram a realização deste seminário promovido pelo Ibase. “Certamente este debate irá nos ajudar a perceber até quanto o Brasil precisa fazer essa exploração que requer tantos estudos”, declarou.

O representante da SBPC disse ainda que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Fundo Setorial do Petróleo e Gás Natural (CT-Petro), está discutindo com sete universidades e instituições a criação de uma rede de pesquisa que permita estudar os impactos ambientais na exploração do xisto.

Conrado Octavio, do Centro de Trabalho Indigenista, e Angel Matses, da Comunidad Nativa Matses no Peru, que também participaram do seminário, retomaram a história de como foi a exploração de petróleo nas décadas de 70 e 80 em regiões próximas às Terras Indígenas e as Reservas Extrativistas. “Houve muito conflito com os povos indígenas isolados, às vezes eram deixadas clareiras abertas no meio do roçado dos índios”, contou Octavio. “Após tanto conflito, os trabalhos foram suspensos e agora querem retomar a agenda de óleo e gás na região, isso sem consultar os povos indígenas.”

Muitos dos 240 blocos com potencial exploratório no Brasil estão próximos a comunidades indígenas isoladas e em sobreposição com importantes aquíferos, como o do Paraná e o de Parecis. “Precisamos de gás para nossa transição energética e para conseguir abandonar os combustíveis fósseis”, disse Ricardo Baitelo, do Greenpeace Brasil. “Mas deve-se atentar que o xisto não é um gás convencional e que precisamos de algo que ainda não existe: critérios rígidos para a exploração.”

Além de abordar a questão ambiental, o debate tratou também da ausência de transparência na legislação brasileira que pode colocar em risco o fornecimento de água de muitos municípios e também da questão social.

 

(Vivian Costa, com informações do Ibase)